“Nunca, nem nos tempos de João Figueiredo, Newton Cruz e Erasmo Dias houve nada que pudesse ser remotamente comparado à cafajestice desse governo.” (Barbara Gancia, jornalista, sobre o ataque de Bolsonaro à jornalista Patrícia Campos Mello, em 18 de fevereiro de 2020).
Concordo com a jornalista Barbara Gancia, que sugeriu que os jornalistas abandonem as entrevistas coletivas de Jair Bolsonaro em frente ao Palácio da Alvorada. As entrevistas vêm atendendo tão somente à sanha doentia de Bolsonaro de humilhar jornalistas, destratá-los profisionalmente e, o pior, usando de todas as baixarias possíveis, tanto no aspecto verbal, com palavrões e impropérios, como no gestual, dando “bananas” para a imprensa. E mais: com a presença prévia de uma claque de igualmente desqualificados como o próprio Bolsonaro, adestrada para rir e aplaudir das barbaridades de Bolsonaro perpetradas contra os profissionais de imprensa.
O ápice da covardia, da falta de compostura, da falta de respeito à liturgia do cargo, da falta de educação, da falta de preparo, da falta de equilíbrio mental e da falta de princípios éticos de Jair Bolsonaro aconteceu ontem, com o ataque à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de São Paulo, sobre quem Bolsonaro, em mais um acesso de sua verborragia doentia, disse que a jornalista queira “dar o furo”, em uma chula e criminosa insinuação sexual, com o fito exclusivo de execrar e expor a profissional ao ridículo. E ainda mais lamentável: com os risos de seus seguidores que ali ficam postados. Tão criminosos, ridículos e covardes como o próprio Bolsonaro.
Vendo quase que diariamente a rotina dos profissionais de imprensa que ficam em frente ao Alvorada, na espera da chegada de Bolsonaro, sempre ao lado de sua claque, lembro dos antigos espetáculos de execuções na forca, em que multidões reuniam-se para se deliciarem com o infortúnio dos condenados. A platéia, tão doente como Bolsonaro, fica rindo, filmando e gravando os jornalistas sendo ofendidos e levando até “bananas” de um ser abjeto que, infelizmente, ocupa a Presidência da República. Nenhum profissional de imprensa, ainda que se discorde de suas opiniões, merece esse tratamento. Nenhum profissional de imprensa, por mais que os próprios veículos para os quais trabalham tenham contribuído para o país chegar à situação que chegou, como O Globo e a própria Folha de São Paulo, da jornalista ofendida ontem por Bolsonaro, merece esse tratamento. Bolsonaro usa aquelas entrevistas para vomitar seu ódio, seu despreparo e sua incontestável oligofrenia.
Eu já havia me perguntado como que os veículos de comunicação ainda expõem os seus profissionais a um ambiente mais do que inóspito. O jornalista que vai para aquelas entrevistas entra em um campo minado de fascistas tresloucados: Bolsonaro e seus seguidores igualmente oligofrênicos. Jamais entendi como alguém pode se expor ou expor profissionais a esse festival de agressões e humilhações. Mas agora a sugestão de abandonar essas entrevistas coletivas vem de uma conceituada profissional de imprensa, a jornalista Barbara Gancia.
É necessário não esquecer que Bolsonaro vive disso e seus doentios seguidores esperam exatamente isso. A cada dia de ofensa aos jornalistas, Bolsonaro cresce junto aos seus seguidores e os profissionais de imprensa ficam sendo o seu objeto de prazer. Deixem esse covarde sozinho, falando (ou monologando) com aqueles trastes como ele que, todos os dias, querem assistir ao linchamento de profissionais de imprensa. Que eles fiquem como zumbis no deserto do fascismo.