Eles estão desesperados. Em menos de 48 horas em liberdade, Lula já mudou completamente o quadro político brasileiro e já causa pânico em seus inimigos, detratores, adversários e recalcados sem voto. O homem que venceria a eleição presidencial de 2018 e que, mesmo preso, levou o candidato que apoiou a obter 47 milhões de votos já fez, em menos de dois dias, a oposição mais contundente que o governo fundamentalista-entreguista-miliciano de Jair Bolsonaro não havia enfrentado em quase um ano.
Desde sua saída da prisão em Curitiba que seus adversários reconhecem que, agora, o quadro será outro. Merval Pereira, o tucano tosco, lamenta em sua coluna de hoje, no jornal da família Marinho, que o centro poderá ser esmagado novamente se suas forças não se unirem contra o que ele chama de “uma vida política fora dos extremos.” No mesmo caminho foi Fernando Henrique que, após a libertação de Lula, soltou uma nota alertando que “mais do que nunca se torna necessário uma aliança em torno de alguém que represente o que chamo de um centro liberal, democrático e progressista.” Também João Dória, bolsonarista de ocasião e eterno antipetista e que nutre um ódio visceral por Lula, expressou sua preocupação com a volta do líder petista ao cenário político, que certamente irá “melar” o seu projeto de chegar ao Planalto. Dória manifestou sua preocupação com o acirramento da polarização, o que o tirará do papel de “candidato anti-Lula”, receando que Bolsonaro volte novamente a ocupar esse espaço.
Quanto às reações do governo, comecemos por Bolsonaro. O Bozo declarou que não quer dar holofotes ao Lula, para não lhe dar espaço. Como se Lula precisasse de Bolsonaro para ter qualquer espaço. Na verdade, Bolsonaro está em um dilema: se confrontar Lula, vai levar mais porradas e terá que radicalizar ainda mais, o que não será benéfico para quem está há menos de um ano no governo. Isso seria o reconhecimento explícito de uma oposição que o incomoda e que poderia derrotá-lo. Se, sem ter qualquer oposição contundente, já teve filhinho de papai falando em AI-5, com aval de general saudosista, e até o próprio Bolsonaro deixou escapar a vontade de reprimir eventuais manifestações, imagine com Lula de volta às ruas. Por outro lado, se “não quiser dar espaço”, como afirmou, Lula agradece e crescerá ainda mais. O que se viu de apoio a Lula por todo país, e até fora do Brasil, é algo avassalador.
Já Sérgio Moro, o acuado e humilhado ministro da Justiça, reagiu às críticas de Lula mostrando seu ódio e desespero, ao afirmar que “não responde a criminosos, presos ou soltos.” Resta saber o que Moro quis dizer quando usou a palavra “criminoso”. Seria um juiz que faz vazamentos ilegais, comete fraude processual, trabalha em conluio com procuradores e atua na magistratura com parcialidade e militância política? Ou seria alguém que ainda não foi condenado em todas as instâncias e, pela Constituição que ele próprio rasgou, ainda mantém a presunção de inocência? Sugerimos a Moro a leitura do artigo 5º de nossa Magna Carta…
Lula chamou, com muita propriedade Paulo Guedes, o ministro-banqueiro, de “demolidor de sonhos, empregos e empresas.” E alertou para um detalhe que a oposição não pode esquecer: enquanto Bolsonaro fala besteiras em doses industriais, Paulo Guedes vai vendendo o Brasil. A oposição, até aqui, parece ter se concentrado muito mais na defesa das instituições democráticas e do Estado de direito, alvos da sanha bolsonarista. Defender o Congresso, o Supremo Tribunal Federal, a democracia, repelir espasmos de autoritarismo como um “novo AI-5“, defender a liberdade de expressão, pensamento e manifestação, são exemplos de pautas que foram recorrentes na luta oposicionista até aqui. Mas Lula já mostrou que o alvo de ataque deve ser o governo e suas ações anti-povo e tudo indica que, doravante, ao invés de assistir a comentários hilários das bobagens que fala, Bolsonaro terá pela frente uma oposição que crescerá pela via democrática e pelos instrumentos legais. Até porque o próprio Lula já repeliu a ideia de um impeachment e reconheceu o resultado eleitoral de 2028 (postura que o próprio Bolsonaro não teve antes mesmo da eleição, quando afirmou que não aceitaria outro resultado que não fosse sua vitória).
Lula não pode ser candidato, impedido que está pela chamada “Lei da Ficha Limpa”. Mas seu retorno à vida política mostrou que os 580 dias de prisão, ao contrário do que poderiam imaginar seus detratores, fizeram dele um Lula ainda mais forte. Logo começarão a pipocar pesquisas para as eleições de 2018. E os inimigos de Lula sabem disso e estão preocupadíssimos. Uma certa engrenagem político-eleitoral que estava parada, foi azeitada (claro, com azeite de dendê!). Parece que Lula, em menos de dois dias, é que está se tornando um destruidor de sonhos de pretendentes ao Planalto em 2022. E ele só está recomeçando…