“A gente quer transparência. Eu não quero que estoure um problema e depois a imprensa me culpe ‘ah, você não sabia?’. É necessário abrir a caixa preta para que o partido honre a bandeira que a gente tinha lá atrás.” (Jair Bolsonaro, em 12 de outubro de 2019).
A briga é em “família”. Como no famoso filme “Kramer versus Kramer”, em que Meryl Streep e Dustin Hoffman brilharam na telona. Primeiro, Bolsonaro diz que o presidente de seu partido, Luciano Bivar, está “queimado”. Depois, Bivar rebate, dizendo que a declaração de Bolsonaro foi “terminal” e que o Presidente da República “está afastado do partido.” Então, está aberta a temporada de barracos e baixarias. Mas, ao contrário do filme, a briga do Bozo com o Bivar não é pela custódia de uma criança e sim pela custódia de uma dinheirama à qual o PSL faz jus, vinda dos fundos partidário e eleitoral. E haja dinheiro! Estima-se que nos próximos quatro anos o PSL abocanhe a “bagatela” de aproximadamente 700 milhões de reais. São 14 apartamentos do Geddel!
Então, foi dada a largada. Capitaneados por Jair Bolsonaro, um grupo de 19 parlamentares do PSL assinou uma petição onde exigem que Luciano Bivar apresente as contas dos últimos cinco anos do partido. A exigência dos bolsonaristas tem como finalidade embasar uma falta de transparência do partido, o que permitiria a desfiliação dos apoiadores de Bolsonaro do PSL sem que perdessem o mandato. Mas há também, e isto é o que mais importa para eles, a fortuna partidária em questão. Os bolsonaristas querem deixar o partido sem perderem o mandato (isso porque deixariam a legenda fora da janela partidária, o que configuraria a infidelidade partidária, culminando na perda dos mandatos dos eleitos), mas também querem parte da dinheirama pública-partidária. Bolsonaro fala em uma auditoria externa. Ele diz até querer abrir a “caixa preta” de seu próprio partido, conforme afirmou. Parece ter esquecido do BNDES.
Mas Bivar reagiu. E disse que, se Bolsonaro e seus seguidores querem auditoria nas contas do partido, então ele também quer auditoria nas contas da campanha presidencial de Bolsonaro. Se isso de fato acontecer, poderemos ficar sabendo quanto foi pago pelos disparos de mensagens via WhatsApp, fato já admitido oficialmente pelo aplicativo; poderemos também saber se o laranjal do PSL, do qual o ministro do Turismo teria sido um dos fraudadores, irrigou a campanha de Bolsonaro através de “caixa 2” vindo de verbas que deveriam ser das candidaturas femininas, conforme foi denunciado por candidatas do próprio PSL. A briga Bozo X PSL poderá até ir parar nos tribunais e também ser muito esclarecedora. A menos que essa história de “auditoria” tenha sido um blefe do Bozo, especialmente depois da reação do presidente do PSL. Mas no fundo tudo é mesmo por dinheiro. E nunca poderíamos imaginar, que exatamente um ano após a eleição, Bolsonaro e seu partido de aluguel estariam se engalfinhando por dinheiro. É fogo no cabaré! Eles se merecem!