VITÓRIA DE LULA SERÁ UM CONTRAPESO

A eleição vai para a “prorrogação”, como disse Lula. Mas na Câmara e no Senado, não há prorrogação e Bolsonaro ganhou. Discordo do Guilherme Boulos que, em uma entrevista no dia seguinte às eleições, em um tom mais otimista, disse que não houve uma hecatombe. Mas houve sim uma hecatombe. O que vimos nas eleições para a Câmara e o Senado foi assustador. Os quadros mais radicais e fundamentalistas do bolsonarismo foram eleitos e o PL é maioria na Câmara e Senado. Isso sem contar outros partidos da direita aliados do bolsonarismo. Se Lula vencer, terá pela frente um Congresso hostil. Mas se acontecer a desgraça da reeleição do fascista, o sujeito terá maioria confortável para aprovar o que quiser. Ele já tem o Legislativo. Levando-se em conta os três poderes, digamos que seja uma “partida de 3”, e Bolsonaro já está ganhando por 1 a 0, pois já levou o Legislativo.

Dia 30 estará em jogo o segundo poder, o Executivo. E aí estará o ponto decisivo, porque a partida só tem dois placares possíveis: ou 3 a 0 para o fascismo ou 2 a 1 para o antifascismo. Porque, se der Bolsonaro no Executivo, ele também levará o Judiciário, e a ditadura, de fato, como sempre sonhou o sujeito, estará consumada. E tudo pela via democrática, como fizeram muitos outros ditadores pela história. Sabe-se que Bolsonaro aguarda a reeleição para mandar o projeto que aumenta o número de ministros do STF de 11 para 15. Hoje, dos 11, Bolsonaro só tem 2. Como o próximo Presidente poderá nomear mais dois, se vencer, Bolsonaro iria a 4. Com mais 4 que ele poderia nomear, caso o aumento seja aprovado (e Bolsonaro tem número para isso), então ele teria 8 juízes no STF, ou seja, a maioria dos hipotéticos 15. Aí, ele teria o Judiciário de joelhos, e ganharia de 3 a 0, com os três poderes nas mãos.

A eleição de 30 de outubro é vital para que Bolsonaro não concentre todos os poderes. Com Lula vencendo, o STF não seria depauperado e, assim, estaria do lado das instituições, como tem feito, o que seria mais um gol do Lula e, desse modo, o antifascismo venceria por 2 a 1.

O Legislativo que teremos a partir de 2023, talvez seja o mais reacionário da história do Brasil. Sabe-se que já se negocia a eleição da senadora bolsonarista eleita, a fundamentalista Damares Alves, para a Presidência do Senado. Em se confirmando essa previsão, as pautas mais retrógradas, genericamente chamadas “de costumes”, teriam avanço com o domínio dos talibãs do fascismo que para lá foram eleitos. Assim, a eleição de Lula seria um contrapeso para frear o avanço e a consolidação do fascismo.

Vemos um futuro governo Lula como um governo de transição, para arrumar a casa, resgatar a confiança e o respeito às instituições e não para “esquerdizar” o país, como dizem os energúmenos chauvinistas. As próprias alianças e apoios recebidos mostram essa vertente de forma inequívoca, a começar pelo vice-presidente. Um governo para arrefecer o ódio alimentado por Bolsonaro e suas hostes, recuperar a educação (que nunca foi tão massacrada em um governo), frear a destruição ambiental, combater efetivamente a miséria, realizar políticas de inclusão e fazer de TODAS as religiões um motivo e estímulo para a paz, e não para o ódio e o preconceito como fazem Bolsonaro e seus agentes ventríloquos do fundamentalismo. Por isso, urge a vitória de Lula no dia 30. Seria um contrapeso, para retomarmos o caminho de um Brasil justo, democrático, plural e inclusivo.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s