
O desesperado jornalista global, outrora “aecista” e atualmente “sergiomorista” Merval Pereira, em sua coluna de hoje intitulada “Máquina do Tempo”, usa o ardil desonesto e a camuflagem sem-vergonha de considerar Lula e Bolsonaro uma “mesma coisa”. Tudo para tentar dar algum fôlego à sua desesperada natimorta “terceira via” que, para ele, seria ninguém menos do que o ex-juiz parcial Sérgio Moro, que foi cuspido do esgoto bolsonarista.
A desonestidade intelectual e política de Merval Pereira dá o tom de seu desespero, pela absoluta inanição política de uma delirante “terceira via”. Em sua coluna, Merval afirma que tanto Lula como Bolsonaro representam o passado, o anacronismo. Porém, a “Máquina do Tempo” de Merval parece desconhecer os rumos dos “passados” de Lula e do fascista genocida. É verdade que Lula e Bolsonaro desejam uma volta ao passado. Mas, que passado? É fácil de responder:
Bolsonaro quer a volta de 1964. Ele é golpista e já prepara um golpe caso a sua provável derrota se confirme. Bolsonaro, como já demonstrou junto com sua família de delinquentes, quer a volta de 1968, com o AI-5, que permitia fechar o Congresso, colocar o Judiciário de joelhos e aniquilar os direitos dos cidadãos. Bolsonaro quer a volta dos anos 1970, com o “Prá Frente Brasil” do ditador Médici. Bolsonaro, que tem como ídolo o assassino e torturador Brilhante Ustra, quer a volta dos porões da ditadura militar e nem está aí para a família dos desaparecidos políticos, a quem já disse que “quem procura osso é cachorro”. Bolsonaro quer a volta daquele passado de censura imposta pela ditadura militar, que perseguia artistas, professores, estudantes, cientistas, jornalistas. Bolsonaro quer a volta do passado mais sombrio da história brasileira, em que um jornalista se apresentava espontaneamente para depor e aparecia morto em um quartel, como foi o caso de Vladimir Herzog. O passado que Bolsonaro quer trazer de volta é a ditadura, da qual nunca escondeu ser defensor. Esse é o passado que Bolsonaro e sua gangue fascista defendem.
Já Lula, que nada tem de radical, pois negocia com quase todos os espectros políticos, até mesmo com a direita, quer trazer de volta um passado recente, em que o Brasil estava fora do mapa da fome da ONU. Lula quer trazer de volta o passado do maciço acesso à universidade, especialmente para os jovens onde, contrariando o banqueiro Paulo Guedes, o filho do porteiro podia ser doutor. Lula quer trazer de volta os altos níveis de emprego, o crescimento do PIB e o apoio ao pequeno empresário. Lula quer trazer de volta a transferência de renda para os mais pobres, sem que esta seja uma medida eleitoreira. Lula quer que volte aquele passado de quando era Presidente, de respeito aos negros, indígenas, e LGBTs, tão agredidos por Bolsonaro e seus seguidores. Lula quer trazer de volta o passado de grandes investimentos de alcance social. Quer trazer de volta o respeito aos servidores públicos, que em seu governo nunca foram chamados de “parasitas”. Quer trazer de volta o respeito do Brasil junto à comunidade internacional, já que nosso país virou motivo de chacota internacional. Lula quer que volte aquele passado em que, em nenhum momento, as instituições democráticas e o Estado de Direito foram afrontados e desrespeitados. Lula quer trazer de volta aquele passado em que o primeiro colocado da lista tríplice era o indicado a Procurador-Geral, dando ao Ministério Público independência para apurar e denunciar, ao invés de termos “blindadores” e “engavetadores-gerais” da República, como Augusto Aras. Lula quer trazer de volta aquele passado em que a bandeira nacional não se confundia com colorações políticas e em que a camisa da seleção não era um abadá de fascistas. Esse é o passado que Lula representa e que tem que voltar, o mais rápido possível, em nosso país.
De fato, dois “passados” estarão em jogo em outubro. Porém, colocá-los no mesmo “saco”, como pretende o sergiomorista Merval Pereira, é picaretagem, é safadeza, é canalhice, é desonestidade, é puro desespero. O passado que Lula quer trazer de volta nunca poderá estar no mesmo balaio do fascismo troglodita e miliciano representado pelo bolsonarismo. A “Máquina do Tempo” de Merval Pereira parece estar descalibrada e sem rumo. E, a continuar assim, irá contribuir para que ela pouse em 1964. E então, ficaria muito difícil alçar um novo voo de volta a um passado democrático, solidário e civilizado.