AÇÕES E OMISSÕES: DEIXARAM CHEGAR, E NÃO FOI O FLAMENGO!

“Deixaram chegar!” era um mantra dos torcedores do Flamengo quando a equipe, desacreditada, não era tida como perigosa pelos adversários. Então o Flamengo, ignorado pelos adversários, acabava chegando na final da competição e muitas vezes vencendo. Quando os adversários abriam os olhos, já era tarde demais. É o que está acontecendo com o golpe que já vem, desde o início do mandato, sendo construído por Bolsonaro e que, nesse momento, está em pleno andamento.

Corroer as instituições e fazer seus seguidores e milicianos reais e virtuais desacreditarem delas; afrontar o Judiciário e lançar descrédito ao sistema eleitoral; manter as hostes fascistas que o apoiam permanentemente acesas, em um clima de confronto; ameaçar a democracia usando o nome das Forças Armadas, dentre outras, tem sido as estratégias de Bolsonaro para um golpe que já está em curso e que, se não houver freio, terá a sua culminância nas eleições de outubro.

Bolsonaro, para chegar onde chegou, a ponto de ter emparedado o Supremo Tribunal Federal, contou (e ainda conta) muito com a anuência do Legislativo, desde Rodrigo Maia (que, covarde e omisso, sentou-se sobre as dezenas de pedidos de impeachment quando Bolsonaro cometia as maiores barbaridades) até Arthur Lira (seu fiel e comprado escudeiro) e Rodrigo Pacheco (que hoje faz declarações que favorecem Daniel Silveira, o deputado fascista marombado, condenado pelo STF pelo placar de 10 a 1 e indultado por Bolsonaro).

É evidente que o indulto concedido a Daniel Silveira seria legal, desde que fosse após o trânsito em julgado da condenação. Assim, o indulto foi intempestivo. Aliás, propositadamente intempestivo, porque até o trânsito em julgado da sentença, correria um tempo que não interessa a Bolsonaro para dar uma resposta às suas hostes extremistas. Tinha que ser já, para que a chama do conflito não se apague. Quando o único voto que absolveu o deputado fascista, dado por Nunes Marques, foi justificado considerando que as ameaças de Daniel Silveira eram meras “bravatas”, também tivemos, nesse voto, uma declaração de descrédito no potencial perigo que representa esse elemento que, aliás, tem uma vasta folha corrida de ameaças, processos e punições quando era policial. Aliás, Bolsonaro também era tido como “bravateiro”. E hoje vemos onde suas “bravatas” chegaram.

Para além do Legislativo, que desde Rodrigo Maia está vendo o golpe se consumar e nada faz, diversas instâncias do Judiciário estão blindando Bolsonaro e sua familícia. E o que dizer do procurador-geral da República? Augusto Aras, homem de confiança de Bolsonaro, tornou-se um engavetador dos crimes de Bolsonaro (crimes contra a ordem democrática, contra a saúde pública, contra o Estado de Democrático de Direito…)

Com Hitler também foi assim. Dentro e fora da Alemanha. Quando resolveram agir, já era tarde demais e nem a derrota de Hitler na Segunda Guerra acabou com o nazismo. Assim como a provável derrota de Bolsonaro não acabará com o bolsonarismo. E o golpe está tão em curso que, dessa vez, ao contrário do 7 de Setembro, quando Bolsonaro recuou e foi pedir ao Temer para escrever a “cartinha à Nação”, agora até o próprio Temer, um golpista de primeira linha, assustado com a escalada autoritária foi aconselhar Bolsonaro e teve seu conselho rechaçado por Bolsonaro. Temer, ao sugerir a Bolsonaro que anulasse o indulto até o trânsito em julgado da sentença, além de ter a sugestão recusada, ainda foi objeto de pilhéria do fascista. Ou seja, nem mesmo um golpista profissional está conseguindo parar o golpe. Nunca é demais lembrar que, depois de minar o Judiciário, Bolsonaro partirá para o Legislativo. E não vai ser comprando o Centrão, como comprou para ter hoje o Congresso nas mãos. Quando Arthur Lira, Rodrigo Pacheco e o próprio Centrão abrirem os olhos, será tarde. Quando Aras, finalmente, resolver agir, será tarde. Quando alguns juízes verem que não existe mais Judiciário, será tarde. E até alguns representantes da mídia, que hoje colaboram com o golpe, poderão se tornar a “Rede Globo do amanhã”. Aí poderemos falar: “Deixaram chegar, e não foi o Flamengo”.

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