
Imagine uma escola municipal do interior de Minas Gerais, onde cada estudante dessa escola venha a receber 117 laptops (isso mesmo, 117!), com verbas do Ministério da Educação. Será que precisa desenhar para saber que tem roubo? Pois isso aconteceu em 2019, no primeiro ano do (des)governo Bolsonaro. Na ocasião, a CGU (Controladoria Geral da União) desconfiou da licitação e descobriu que a Escola Municipal Laura de Queiroz, na cidade mineira de Itabirito, que na época tinha 255 alunos, receberia 30.030 laptops. A média seria de 117 laptops por estudante. A CGU também percebeu que a licitação era direcionada para um vencedor. Seria um roubo de 3 bilhões. O roubo bilionário só não se consumou porque a CGU travou o andamento do processo, o edital de licitação foi suspenso e até hoje os ladrões que tentaram surrupiar bilhões da Educação não foram presos.
Não é de hoje que as verbas do MEC estão sendo assaltadas pelo governo Bolsonaro. Em alguns casos, no entanto, os órgãos controladores conseguem identificar a maracutaia, como no caso do escândalo dos laptops, o que frustrou as aves de rapina bolsonaristas. Em outros, eles tentam “legalizar” o assalto, com emendas da bancada bolsonarista, como foi o caso da renovação do Fundeb, quando tentaram tirar dinheiro público para dar para escolas particulares. Dessa vez, foi o Congresso que evitou mais um roubo do governo Bolsonaro.
Agora, com o escândalo envolvendo o ministro da Educação, os pastores e até o Presidente da República, que é citado na fala criminosa de Milton Ribeiro, tudo veio à tona. O áudio por si só dispensa qualquer investigação, pois é uma confissão. Pastores “amigos de Bolsonaro” intermediavam liberação de verbas para prefeituras em troca de propina (15 mil só para protocolar o pedido) e barras de ouro. O MEC foi terceirizado para pastores corruptos negociarem o dinheiro da Educação. Tudo atendendo a pedidos de Bolsonaro, conforme disse o próprio ministro Milton Ribeiro. No áudio, pode-se escutar nitidamente que o dinheiro roubado do MEC seria desviado até para construção de igrejas. Prefeitos que negociaram com os pastores-saqueadores já revelaram mais alguns detalhes da roubalheira, dentre eles o pedido do pagamento da propina em ouro. Outros disseram que as propinas também poderiam ser pagas em Bíblias. Tudo, claro, “em nome do Senhor”… Fico pensando se, em um governo do PT, o ministro da Educação fosse pego liberando verbas para a construção de terreiros de candomblé. Absurdo? Pois é…
A questão que fica, depois de mais esse escândalo de corrupção no governo Bolsonaro é: quanto, até hoje, foi roubado do MEC por meio das negociações criminosas feitas por esses pastores com o aval de Bolsonaro? Isso tem que ser esclarecido e os responsáveis presos. Enquanto isso, esse mesmo governo fascista e miliciano corta verbas de Universidades e reduz drasticamente as verbas de bolsa de pesquisa e de apoio às atividades científicas. Além do obscurantismo fundamentalista que tomou conta do MEC, que a todo momento insiste em ignorar o caráter laico do Estado e da Educação, o Ministério da Educação virou o centro de roubalheira que favorece pastores amigos de Bolsonaro. Cadeia para todos eles, a começar pelo Presidente da República!