
Um dado assustador, mas que não chega a ser surpreendente, foi revelado oficialmente pela Polícia Federal. O número de casos (registrados) de apologia ao nazismo teve um crescimento exponencial de 2018 para cá. Entre 2011 e 2018, o número máximo de registros de apologia ao nazismo foi 26, em 2017. Mas a partir de 2018 o número só vem crescendo exponencialmente. Foram 69 registros em 2019 e 110 em 2020, números que representam um aumento de 900% na última década, como mostra o gráfico acima. Os números referentes a 2021 ainda não foram fechados.
Não resta dúvida de que a conjuntura que o país atravessa, especialmente a partir do Brasil que saiu das urnas em 2018, explica esse crescimento. Nazistas já não estão mais no armário, não cheiram mais a naftalina e se sentem empoderados. O racismo, a misoginia, a homofobia, a xenofobia, o antiglobalismo, o armamentismo, a militarização das escolas, as agressões à imprensa, à cultura e à ciência; o sequestro dos símbolos nacionais, as agressões aos poderes constitucionais e ao Estado Democrático de Direito, o fundamentalismo religioso, a propagação massiva de mentiras “à la Goebbels”, o ataque a comunidades indígenas e quilombolas, a histeria anticomunista (características do governo Bolsonaro), são combustíveis para os bandidos nazistas expressarem e até assumirem suas índoles criminosas. Isso, sem falar da exaltação constante de um “mito psicopata”. Há casos claros, dentro do governo e também dos que o apoiam. Em janeiro de 2020, o secretário de Cultura bolsonarista repetiu um discurso do ministro da Propaganda de Hitler. Recentemente, em uma invasão à Câmara Municipal de Porto Alegre, bolsonaristas ostentavam, sem nenhum constrangimento, cartazes que exibiam a suástica. Filhos de Bolsonaro tiram fotos com a bandeira da supremacia branca.
É mister que a Polícia Federal e a Justiça punam exemplarmente esses bandidos e que o eleitor vote sem ódio e com razão. Claro que não é coincidência o aumento assustador de casos de apologia ao nazismo verificado a partir de 2018. Tudo o que representa a violência desses bandidos foi vitorioso nas urnas em 2018 e estará novamente se apresentando em 2022. A Polícia e a Justiça têm o seu papel, mas a principal missão estará nas mãos do eleitor.