
“Telegram cresce de forma acelerada no país e vira terra sem lei para crimes variados”. (Manchete de O Globo, 10 de outubro de 2021).
Durante esta semana o jornal O Globo estampou em sua primeira página a preocupação com o aplicativo de mensagens Telegram e sua grande possibilidade de ameaça às eleições de 2022. Em suas matérias, O Globo destaca que o Telegram não possui política de moderação e permite assim a divulgação de crimes como pornografia infantil, apologia ao nazismo, venda ilegal de armas, dentre outros crimes. O aplicativo, que permite a criação de grupos com até 200 mil participantes, seria um terreno frutífero para os fascistas bolsonaristas (a exemplo de 2018, quando usaram o WhatsApp) propagarem as fake news que podem ser decisivas no tabuleiro eleitoral. O jornal da família Marinho destaca ainda que o Telegram hoje é o aplicativo predileto da família Bolsonaro e teme que o mesmo possa se tornar o vilão das eleições de 2022.
Tudo leva a crer que o jornal O Globo está com amnésia. Ou, talvez, omitindo propositadamente algo que ninguém pode esquecer, pois já está registrado na história: o Telegram já foi, em 2018, o vilão das eleições. Foi através do Telegram que Sérgio Moro e sua gangue de procuradores tramaram a condenação de Lula, visando tirá-lo do pleito daquele ano para favorecer a ascensão do fascista Jair Bolsonaro. Foi através do Telegram que Moro e os procuradores inescrupulosos urdiram o conluio que condenou Lula sem provas e o alijou da disputa, quando era certo que o candidato petista venceria a eleição.
Foi graças às reportagens do The Intercept que os crimes de Moro e seus comparsas foram conhecidos pelo Brasil e pelo mundo. Moro acabou beneficiando-se de sua atuação facciosa como “juiz” e tornou-se ministro da Justiça do governo fascista que ajudou a eleger. Como todos sabem, o juizeco acabou defenestrado pelo próprio câncer que ajudou a parir, foi desmoralizado e acabou considerado como “juiz parcial” pela instância máxima do Judiciário brasileiro.
Mas todos os crimes de Moro e seus procuradores, que acabaram decidindo a eleição de 2018 e levando ao poder o governo fascista, genocida e miliciano que é a maior desgraça da história do Brasil, foram praticados através do Telegram, aplicativo que hoje “assusta” o jornal O Globo. Atenção família Marinho: o Telegram já foi o vilão em 2018! Foi no Telegram que Moro e seus comparsas perpetraram aquele que certamente foi o maior crime contra a democracia do Brasil. A família Marinho está atrasada, pois só agora vê o perigo do Telegram. Onde estava O Globo em 2018, quando Moro brincava de cometer crimes pelo aplicativo que ora assusta a família Marinho? E qual foi a posição oficial do Globo quando os crimes de Moro, praticados através do Telegram e que decidiram a vitória de Bolsonaro, foram desbaratados?
Depois de tudo o que aconteceu, especialmente depois da publicação das conversas criminosas de Moro e seus procuradores, por que só agora O Globo vê ameaça do Telegram às eleições? Ou será que O Globo virou “O Globo Barrichello”?