
“A elite política assalta o contribuinte, envia dinheiro para um paraíso fiscal, que aplica no Brasil, e as autoridades que assaltaram o país fazem gestões para que os juros sejam mantidos altos.” (Jair Bolsonaro, então deputado federal, em discurso na Câmara dos Deputados em 10 de setembro de 2003).
Em 2003, quando ainda era deputado federal, Jair Bolsonaro fez um discurso dizendo que aqueles que mantinham dinheiro em paraísos fiscais eram assaltantes do Brasil. Agora, o escândalo envolvendo o seu ministro-banqueiro, Paulo Guedes, que mantém offshores em paraísos fiscais, fez com que Bolsonaro se calasse em relação ao seu banqueiro travestido de ministro. Paulo Guedes mantém a sua fortuna de 50 milhões de reais nas Ilhas Virgens Britânicas, que é um paraíso fiscal muito usado por quem, como disse Bolsonaro em 2003, assalta o país, lava dinheiro e sonega impostos.
Já houve que dissesse, com muita propriedade, que “Paulo Guedes não é bobo de deixar o seu dinheiro em um país que tem como ministro da Economia o próprio Paulo Guedes.” Dito e feito. O dólar sobe e ele ganha. Os juros sobem e ele ganha. Então, como bem disse Bolsonaro, Paulo Guedes está assaltando o contribuinte. A política econômica de Guedes é tão boa como as reformas do governo. Eles defendem a reforma da previdência, desde que não sejam afetados por ela. Eles defendem a reforma administrativa, desde que não sejam afetados por ela. Tal como Paulo Guedes, que defende a sua política e suas reformas econômicas “para nós”, porque ele próprio manda o seu dinheiro para paraísos fiscais e não é afetado por nada de sua política econômica. Resta saber se o Bozo, que ainda não se pronunciou sobre o escândalo, vai demitir o Posto Ipiranga. Ou se vai manter quem ele próprio considera assaltante em seu “governo”.