
A Fiesp e a Febraban, entidades que reúnem industriais e banqueiros do Brasil, e que são diretamente responsáveis pela ascensão do fascismo ao poder, se manifestaram contra os ataques de Bolsonaro às instituições e à democracia. O manifesto, embora não tenha sido publicado, foi conhecido na semana passada e mostra a insatisfação da elite da economia, até então aliada de Bolsonaro, com as ameaçadas vindas do Planalto à democracia e suas instituições. No caso da Fiesp, que patrocinou o golpe de 2016 junto com as Organizações Globo, o manifesto deixou de vir a público após uma reunião de Arthur Lira, o presidente bolsonarista da Câmara, com Paulo Skaf, presidente da entidade. A Febraban também sofreu pressões do Planalto e o governo ameaçou retirar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica da entidade, caso o documento fosse publicado. Só para se ter uma ideia: o manifesto teve até sexta-feira, 27 de agosto, 212 assinaturas. E ontem, dia 30, chegaram pedidos de mais 100 entidades para adesão.
Esses números mostram a insatisfação até mesmo da elite econômica do Brasil em relação ao governo fascista que essa própria elite ajudou a levar ao poder. Paulo Skaf, que se notabilizou por colocar o pato na avenida Paulista como símbolo da insatisfação de seus pares, agora percebe que eles próprios já estão “pagando o pato”, visto que o clima de incertezas, de insegurança jurídica e de ameaças às instituições e à democracia vindas de Bolsonaro podem atrapalhar seus próprios negócios. Está sendo noticiado que o manifesto poderá ser publicado depois do 7 de Setembro, data marcada para as manifestações fascistas pró-Bolsonaro. Em grande parte, tanto a Fiesp como a Febraban estão sofrendo as consequências do mostro que ajudaram a parir. E eles são o poder econômico. Só falta agora Bolsonaro e seus robôs dizerem que a Fiesp e a Febraban são “comunistas”.
Abaixo, a versão do possível documento da Fiesp e da Febraban, que teria como título “A praça é dos três poderes”, publicada pelo site defesanet.com.br:
“A praça é dos três poderes”
“A praça dos três poderes encarna a representação arquitetônica da independência e harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, essência da República. Esse espaço foi construído formando um triângulo equilátero, cujos vértices são os edifícios-sede de cada um dos poderes.
Esta disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais. Em resumo, a harmonia tem de ser a regra entre eles.
Este princípio está presente de forma clara na Constituição Federal, pilar do ordenamento jurídico do país. Diante disso, é primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição nos impõe.
As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas. O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população.
Mais do que nunca, o momento exige do Legislativo, do Executivo e do Judiciário aproximação e cooperação. Que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Este é o anseio da Nação brasileira.”