
Bolsonaro já vem há tempos ameaçando o processo democrático e fazendo de tudo para tumultuar as eleições de 2022, ao lançar teorias conspiratórias para justificar um golpe que desde sempre pretendeu dar. Mas, enquanto o antecessor de Fux na presidência do STF, Dias Toffoli, nunca fez nada contra as pulsões golpistas e autoritárias de Bolsonaro, chegando a permitir até que o Bozo invadisse a Suprema Corte na companhia de empresários aliados para pressionar pelo fim do isolamento, parece que o Fux não irá contemporizar com discursos golpistas e ameaçadores.
Ontem Bolsonaro foi chamado ao STF pelo presidente da Corte. O teor da conversa não foi divulgado, mas sabe-se que Fux “chamou Bolsonaro no ovo”, certamente passando-lhe um sabão pela ameaça que o genocida fez ao pleito de 2022, quando afirmou que “ou teremos o voto impresso ou não teremos eleição”.
Oficialmente, a conversa trataria da “relação entre os Poderes”, estremecida com as ofensas de Bolsonaro à CPI, ao STF e ao ministro Luís Roberto Barroso, que preside o Tribunal Superior Eleitoral. Há quem especule que tenha havido um “acordo” durante a conversa. Se, por um lado, ninguém pode afirmar que houve um “acordo”, uma coisa porém é certa: Bolsonaro saiu “mansinho” do encontro.
Na entrevista após a conversa com Fux, Bolsonaro fugiu de seu estilo valentão, falastrão e ameaçador, chegando até mesmo a, durante a entrevista, rezar o “Pai Nosso” e dizer que é de “paz e amor”.
Quanta diferença no mesmo sujeito que, há poucos dias, babando de ódio, dizia que “ou teremos voto impresso ou não teremos eleição”. O esporro deve ter sido mesmo muito grande.