
O tiro do “juizão” que concedeu liminar à deputada bolsonarista Carla Zambelli impedindo o senador Renan Calheiros de ser relator da CPI do Genocídio certamente irá sair pela culatra. Isso porque o juiz Charles Renaud, que concedeu a liminar, determinou textualmente em seu despacho que “o senhor Renan Calheiros não seja submetido à votação para compor CPI. Nem para definir relator”. Mas o “juizão” não sabia que a escolha do relator não se dá por “votação”, como ele escreveu em seu despacho, e sim por indicação do presidente da CPI. De modo que o próprio presidente da CPI poderá tranquilamente cumprir a ordem judicial. Basta nomear Renan Calheiros relator, visto que a ordem do doutor juiz determina que ele não seja submetido à votação. E ele não será submetido à votação. Simplesmente porque será nomeado.
A bolsonarista Carla Zambelli comemorou, talvez sem ler o teor do despacho do “juizão”. O doutor Charles Ranaud era, até o dia de ontem, um “ilustre desconhecido”. Mas evidentemente já teve o seu nome divulgado por todo Brasil, como autor de um despacho a serviço do bolsonarismo que quer melar a CPI do Genocídio. Mas, ao ter seu nome divulgado, outras coisas sobre o “juizão” começaram a aparecer. Dentre elas, a notícia de que o excelentíssimo doutor esteve envolvido em um escândalo que ficou conhecido como “mensalão da toga”, ocorrido em 2010.
Parece que o tiro do “doutor” saiu pela culatra duas vezes. Ele não vai impedir Renan de ser o relator da CPI do Genocídio. E o nome do juizão vai sim aparecer no Brasil. Mas por motivos que ele jamais desejaria que aparecesse e que já estão aparecendo.