
“Vossa Excelência perdeu!” (Gilmar Mendes a Luís Roberto Barroso, quando Moro foi declarado suspeito pelo STF).
O jornalista tucano, lavajatista, morista, bolsonarista arrependido e antipetista Merval Pereira não escreve aos sábados para O Globo. Porém, lendo o Editorial do jornal hoje, parece que Merval foi o ghost-writrer da família Marinho. Quem lê o Editorial do Globo desse sábado, 24 de abril, pensará que estará lendo a coluna do Merval. Intitulado “Brasil perde com maioria contrária a Moro no Supremo”, a família Marinho lamenta o fato de o STF ter formado maioria para declarar Sérgio Moro parcial no julgamento de Lula.
O argumento central do Editorial da família Marinho é o mesmo: eles falam da “operação Lava-Jato como um todo”, quando não era a “operação Lava-Jato como um todo” que estava em julgamento e sim as atitudes criminosas de um então juiz parcial em conluio com seus comparsas do Ministério Público que tinham como interesse apenas condenar o ex-Presidente Lula sem provas. Juiz que manda o MP mudar procurador é criminoso. Juiz que orienta a acusação é criminoso. Juiz que combina operação com o MP mesmo sabendo que não havia motivo é criminoso. Juiz que ordena condução coercitiva sem prévia intimação é criminoso. Juiz que divulga o teor de delação premiada às vésperas da eleição para prejudicar um candidato é criminoso. E Moro cometeu todos esses crimes quando juiz no processo contra Lula. Chamar Moro apenas de “suspeito” é eufemismo. Suspeito é só o começo. O ex-juiz e ex-ministro bolsonarista que se beneficiou da eleição na qual ele, ilegalmente e parcialmente, retirou o adversário que derrotaria Bolsonaro, deve responder por todos os seus crimes.
O Editorial redigido pela família Marinho (ou teria sido pelo Merval?) chega a delirar quando fala em “provas eloquentes” contra Lula no processo, quando não há sequer uma mínima prova contra ele no processo que o condenou. “Provas eloquentes” são os subterrâneos da Lava-Jato que foram expostos para todo o mundo, nos diálogos criminosos entre Moro e os procuradores, onde até os próprios interlocutores admitiam que as “provas” eram frágeis. Mas valia tudo. E “valeu”. Deu no que deu.
O lavajatismo é o tipo de justiça fascista, não a serviço do Estado do Direito. Para o lavajatismo não importa a lei e a própria família Marinho (ou teria sido o Merval?) admite isso no Editorial publicado hoje. Em certo trecho do Editorial, os Marinhos (ou teria sido o Merval?) confessam: “Pode até haver motivos jurídicos para justificar a decisão tomada pelo plenário”. Essa afirmação do Editorial é icônica para caracterizar o que foi e o que ainda é o que restou da Lava-Jato: às favas com a lei ou com o que é juridicamente correto. Às favas com o devido processo legal. Exploda-se a Constituição. E uma “justiça” com métodos fascistas só poderia levar ao poder um governo fascista. Tá aí o que vocês queriam, e não reclamem!
O desespero e o choro do Globo têm explicação. Lula voltou ao cenário político e já lidera as pesquisas faltando um ano e meio para o pleito. Enquanto isso Moro, um dos candidatos das Organizações Globo, foi para o esgoto fétido da história. Não, família Marinho! O Brasil não perdeu. O Brasil ganhou com a decisão do Supremo. A democracia ganhou. O Estado de Direito ganhou. A cidadania conquistada às duras penas e cristalizada na Constituição Cidadã de 1988 ganhou. Vocês perderam. Chora Globo! Chora Merval! Chora Sardenberg! Chora Cantanhêde! Vão procurar jaca na Sibéria. Ou então, vão procurar outro candidato de direita que vocês chamam de “centro”.