
A tentativa frustrada do STF “furar a fila” da vacinação que ainda nem começou repercutiu muito mal. Na entrevista dada à TV Justiça o presidente da Corte, Luiz Fux, defendeu claramente a tentativa de privilegiar magistrados e funcionários do STF. Disse Fux na ocasião:
“O que nós fizemos foi entrar, de forma delicada, ética, com um pedido dentro das possibilidades, quando todas as prioridades forem cumpridas, que os tribunais superiores tenham meios para trabalhar e, para isso, precisa vacinar”.
Portanto, como presidente da Corte, Luiz Fux não apenas tinha conhecimento da imoral tentativa de “furar a fila” da vacina, como ainda afirmou que o pedido era “delicado” e “ético”. No entanto, depois da negativa da Fiocruz e da péssima repercussão do pleito, Fux resolver fazer “a sua justiça”: ele exonerou o médio Marco Polo Dias Freitas, alegando que o pedido de “furar a fila” havia sido feito sem o seu conhecimento. Restava então encontrar um culpado e sobrou para o subalterno, que perdeu o cargo de secretário de serviços integrados do STF. Mas na entrevista que concedeu à TV Justiça, Fux em nenhum momento condenou a atitude e ainda a defendeu. O médico exonerado desbafou e disse:
“Nesses 11 anos no STF, nunca realizei nenhum ato administrativo sem a ciência e a anuência dos meus superiores hierárquicos. Continuarei, como médico, de corpo e alma, na luta diária pela saúde e bem-estar das pessoas”.
E hoje chegou até nós outra notícia: a de que o STF fez o mesmo pedido ao Instituto Butantan. Será que o Fux também não sabia do pedido feito ao Butantan? Quem será o próximo exonerado?
Depois desse lamentável episódio, se Fux representar a visão de Justiça da Suprema Corte, sempre irá sobrar para os subalternos. Mas, enquanto isso, que suas excelências e seus assessores entrem na fila da vacina…