O GENERAL E A LOGÍSTICA DA NEGAÇÃO

“Do jeito que o general fala, se a logística do desembarque na Normandia estivesse nas suas mãos, em agosto de 1944 os Aliados não estariam em Paris. Os alemães é que teriam chegado a Londres.” (Elio Gaspari, sobre o general Pazuello, em sua coluna de 9/12/2020).

“Pazuello foi apresentado como um especialista em logística. Pelos resultados da sua gestão, seria arriscado nomeá-lo para administrar uma barraca de feira.” (Bernardo Mello Franco, em sua coluna de 9/12/2020).

Ontem o general-paraquedista Eduardo Pazuello, que aceitou ser fantoche do negacionismo bolsonarista no Ministério da Saúde, foi emparedado por governadores em uma reunião onde não apresentou qualquer plano de vacinação para o país. Depois, em um pronunciamento em que recusou-se a responder a qualquer pergunta de jornalistas (quando muitas perguntas lhe seriam feitas), limitou-se a, como um robô, ler o que falava. Falou sobre vacinas, disse que o governo “poderia comprar qualquer uma”, sem mencionar a Coronavac, cumprindo exigência de Bolsonaro. Afirmou que o registro da Anvisa levaria 60 dias para ser dado, num recado para Doria, que afirmou que iniciaria a vacinação em São Paulo em 25 de janeiro.

Não foi exibido no pronunciamento do general-paraquedista qualquer “logística”, que dizem ser sua especialidade, sobre a vacinação. Pazuello apenas é um robô que reproduz tudo aquilo que Bolsonaro manda. Não importa se o que Bolsonaro manda ele fazer e falar agride a ciência, o bom senso ou até mesmo a vida dos brasileiros.

Ontem, enquanto o mundo assistia ao início da vacinação na Inglaterra e às notícias de outros países, inclusive alguns de nossos vizinhos, que já executam um plano nacional de vacinação, no Brasil a negação oficial é a palavra de ordem. Pelo que o ministro-fantoche falou (ou deixou de falar já que, covardemente, recusou-se a responder a qualquer pergunta), se depender do governo federal o Brasil não terá vacina tão cedo. Foi só embromação, para parecer que o governo está se movimentando. É evidente que a iniciativa de Doria, de anunciar para janeiro o início da vacinação em São Paulo incomodou Bolsonaro. Já imaginaram um estado da Federação iniciar a vacinação e o governo federal sequer ter uma logística para tal? Então o general, obediente, foi mais uma vez servir como garoto de recados do negacionismo de Bolsonaro. Ao não citar a Coronavac e afirmar que em menos de 60 dias a Anvisa não autoriza qualquer vacina, a fala do general foi apenas um recado para Doria. Claro que vem judicialização por aí (Flávio Dino, governador do Maranhão, já anunciou que irá ao STF para poder comprar vacinas sem aval da Anvisa). Isso, além de o Congresso anunciar que votará um plano de emergência para a vacinação a ser cumprido pelo governo. E a Anvisa tem obrigação de mostrar sua independência, o que parece que não mostrou quando suspendeu as pesquisas sobre a Coronavac quando um voluntário cometeu suicídio. Porque se depender do Bolsonaro e do seu general “logístico sem logística”, o povo brasileiro que se exploda.

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