VAMOS VETAR O CRIVELLA!

Acabou o primeiro turno das eleições municipais e, dessa vez, o Rio de Janeiro tem dois candidatos de direita no segundo turno. Eleição em dois turnos é isso, e já deveríamos estar acostumados com a possibilidade dessa situação, após mais de 30 anos da Constituição Cidadã de 1988.

Há uma máxima que diz que eleição em dois turnos é, no primeiro turno “voto” e, no segundo turno, “veto”. O veto acontece quando o candidato de nossa preferência não está no segundo turno. Muitas vezes o “veto” já acontece no primeiro turno, quando praticamos o “voto útil”. Então, nossa manifestação na urna seria a de vetar aquele que consideramos o pior. Para quem não está no segundo turno, na maioria das vezes é muito difícil. Principalmente para quem vota na esquerda ter que escolher entre dois candidatos de direita. E esse é o caso do Rio de Janeiro. Conheço pessoas que sempre votaram na direita e não gostam do Crivella, embora não tenham votado em Eduardo Paes. Para esses, votar no Paes não será problema. Não haverá drama de consciência. Não haverá mácula em sua “biografia eleitoral” por votar em um candidato do DEM. “Tudo na mais perfeita ordem, tudo na mais santa paz”.

Mas, e os eleitores da esquerda? Dizer que Paes e Crivella “é tudo a mesma coisa”, “é o mesmo do mesmo”, seria como dizer que perder de 10 a 0 é o mesmo que perder de 5 a 0. Não é. O saldo de gols negativo trará estragos irreparáveis ao fim do “campeonato”.

Não é preciso buscar eufemismos. Desde ontem o PSOL trava uma discussão que consideramos uma filigrana semântica. Enquanto alguns falam em “apoio crítico a Paes” outros defendem “nenhum voto em Crivella”. E, no final, os dois lados estarão digitando o 25. E entendemos que é o que deve ser feito.

Ninguém fez tão mal à Cidade do Rio de Janeiro como o bispo Crivella. Um governo fascista, reacionário, fundamentalista, que destruiu a saúde, a educação, os transportes, que não respeitou os valores essenciais de nossa cidade, que agrediu a cultura, que censurou a Bienal do Livro, que atacou os servidores públicos, que declarou com todas as letras que governaria para sua igreja (e assim o fez), que trocou técnicos por pastores, que instalou uma “teocracia municipal” e que até ressuscitou, em sua propaganda eleitoral, o famigerado “kit gay”. E, para dar uma identidade à sua campanha, ainda traz a marca “Bolsonaro”.

O PSOL apoiará Eduardo Paes, seja qual for o slogan. O PT também deverá apoiar, como está sendo noticiado hoje. É o que nos resta dessa festa. Somados, os votos de Martha Rocha e Benedita já teriam vetado o Crivella já no primeiro turno. Mas isso não aconteceu.

Concordo com a recém-eleita vereadora pelo PSOL, Mônica Benício, que afirmou: “Não tenho nenhuma vontade ou desejo de ver Paes prefeito de novo. Agora, o Crivella se superou numa gestão negligente e incapaz de fazer qualquer coisa positiva para a cidade. Eu não quero o Rio na mão do menos ruim.”

Nós também não queríamos o Rio nas mãos do menos ruim, mas é o que nos restou. Até o dia 29, muitos irão procurar eufemismos, justificativas, recursos semânticos ou seja lá o que for para simplesmente dizer que apertarão o 25 na urna. Não é necessário. Sei que apertar o 25 terá um custo alto, mas avaliando os riscos e transpondo para a política o utilitarismo, votar no bispo fundamentalista teria um custo muito maior. Entendo e respeito quem não vá “vetar” Paes ou Crivella. Mas entendo que vetar o Crivella é o primeiro passo para tirar nossa cidade do túnel obscurantista. O segundo, é fazer oposição ao Paes.

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