
“A esquerda sofreu derrota histórica e onda conservadora chegou para ficar.” (Jair Bolsonaro, avaliando os resultados das eleições municipais de 2020).
Mais uma vez desafiando a realidade, negando os fatos e conspirando ao melhor “estilo Trump”, Bolsonaro foi às redes sociais para decretar a derrota da esquerda nas eleições municipais. Com sua popularidade em queda e a avaliação de seu “governo” ladeira abaixo, Bolsonaro preferiu delirar após as eleições. Vejamos então a “derrota histórica da esquerda” anunciada por Bolsonaro:
Em São Paulo Guilherme Boulos, do PSOL, derrotou o candidato Russomano, apoiado por Bolsonaro, e foi ao segundo turno. Na maior cidade do país o vereador mais votado é do PT: Eduardo Suplicy, com 167.552 votos.
No Rio de Janeiro o PSOL elegeu a maior bancada na Câmara Municipal, com 7 vereadores. De quebra, o vereador mais votado foi Tarcísio Motta, também do PSOL, com 86.426 votos.
O PSOL também disputará o segundo turno em Belém, sendo o candidato do partido, Edmilson Rodrigues, o mais votado no primeiro turno.
O PT está no segundo turno em Vitória e em Recife. O PT disputará o segundo turno em 15 das maiores cidades do país.
Em Porto Alegre o PCdoB, com Manuela D’Ávila, está no segundo turno.
Se somarmos todos os partidos aos quais podemos rotular de “esquerda” ou “centro-esquerda” (PSOL, PT, PCdoB, PSB, PDT e Rede), das 57 cidades onde haverá segundo turno, esses partidos estarão disputando a prefeitura em 37 delas. Só para comparar, em 2016, esses partidos estiveram no segundo turno em apenas 5 das 55 cidades em que a eleição não foi definida no primeiro turno.
Poderíamos dar outros exemplos. São 5700 municípios. A esquerda teve vitórias em vários outros. Assim, o delírio de afirmar que a esquerda sofreu “derrota histórica” chaga a ser risível. Hoje os comentários em diversas mídias destacam a surpresa que o PSOL representou nessas eleições municipais, com o avanço do partido já sendo considerado como o avanço da “esquerda jovem” no Brasil.
Certamente o delírio pós-eleitoral de Bolsonaro em 2020 já é o início de seu delírio pré-eleitoral de 2022.