
“Trump não é a pessoa mais importante do mundo.” (Jair Bolsonaro, diante da derrota de Trump se avizinhando, em 6 de novembro de 2020).
Com a vitória do democrata Joe Biden cada vez mais próxima, Bolsonaro fez o que sempre faz. Assim como descarta alguém depois de usar, como já fez com ministros (alguns até generais), dessa vez ele abandona quem sempre o usou. O capitão agora está negando aquele que sempre foi o seu próprio dono. Depois de ter sido todo tempo servil a Donald Trump agora, com a derrota de seu ídolo de extrema-direita cada vez mais próxima, então ele diz que “Trump não é a pessoa mais importante do mundo”.
Joe Biden já venceu a eleição. Bolsonaro sabe disso. Trump irá espernear até o fim, mas não vai levar. Bolsonaro, querendo ou não, terá que modular seu discurso extremista. Ele abandonou o Mercosul. Ele conseguiu, com os ataques aos chineses, fazer com que a China passasse a colocar a Tanzânia como nossa concorrente na soja. Bolsonaro vai ficando cada vez mais isolado do que centroavante de time na retranca.
Agora, com o seu dono sendo defenestrado para a latrina da história de forma impiedosa pelas urnas, Bolsonaro já tenta se afastar de quem sempre lambeu as botas. Seria bom que a vitória de Biden levasse Bolsonaro a rever a sua temerária e irresponsável política externa, bem como a sua criminosa política ambiental. Seria hora de Bolsonaro despachar Ernesto Araújo e Ricardo Salles, duas vergonhas internacionais. Porque, com a eleição de Biden, caso Bolsonaro não mude sua política externa e ambiental, o Brasil se tornará mesmo um pária, como falou Ernesto Araújo.
Se a declaração de Bolsonaro de que Trump não é a pessoa mais importante do mundo for ouvida pelo republicano, certamente Trump retrucará, lembrando aquele velho anúncio da vodca: “Eu sou você amanhã!”