MOURÃO CONTRADIZ BOZO

“É lógico que o governo federal vai comprar doses do imunizante. Já colocamos os recursos no Butantan para produzir essa vacina. O governo não vai fugir disso aí.” (General Hamilton Mourão, vice-presidente da República, em entrevista à revista Veja, em 30 de outubro de 2020).

O general Hamilton Mourão, dentre todos os generais que já passaram ou ainda estão no governo Bolsonaro, é o único que possui “estabilidade”. Porque o general Mourão, por ter sido eleito na chapa de Bolsonaro, é “indemissível” ou, como diria o folclórico ex-ministro do Trabalho de Collor, Antônio Rogério Magri: Mourão é “imexível”.

Assim, ao contrário dos demais generais que estão no governo, ele não pode ser demitido nem por Bolsonaro e nem pelos filhos do capitão expulso do Exército. Então, Mourão tem a independência que os outros “estrelados” do governo não possuem e que, por isso, acabam engolindo humilhações, sendo obrigados a dizer que “um manda e outro obedece” ou ainda, aceitar resignadamente ser chamado de “Maria Fofoca”. Esses já mancharam suas biografias em troca de um contracheque turbinado e, por extensão, macularam também a imagem do Exército.

Porém o general Mourão, em algumas ocasiões, veio a público contradizer Bolsonaro em várias de suas falas ensandecidas. E agora, mais uma vez, contrariando Bolsonaro, Mourão foi categórico e enfático ao dizer, em entrevista à revista Veja, que o governo vai sim comprar as doses da vacina que estão sendo produzidas no Butantan e que o governo não fugirá a isso. Mourão chegou mesmo a afirmar, em entrevista, que tomaria a vacina, desde que certificada pela Anvisa.

Com essa afirmação, Mourão refutou Bolsonaro e, de quebra, até deu uma forcinha para o seu companheiro de farda, o general Pazuello, que foi ultrajado publicamente por Bolsonaro. Pazuello, que presta-se ao papel de ser “ministro decorativo” da Saúde, havia afirmado que o governo compraria as vacinas produzidas pelo Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Mas Bolsonaro, além de desmentir Pazuello, obrigou-o de forma humilhante a dizer, em um vídeo, que “um manda e o outro obedece”.

Agora Mourão diz, com todas as letras, que o governo federal vai sim comprar as vacinas. Mas Bolsonaro já reagiu e replicou Mourão: “A caneta Bic é minha!” Há quem diga que Mourão, em breve, poderá até redizer o que falou, em outras palavras, para não dar a ideia de confronto com Bolsonaro. É possível? Sim, tanto que até já ocorreu em situações similares. Mas também é possível que Mourão, indemissível, ainda faça alguma coisa para salvar a dignidade do Exército e seus generais, tão ultrajados pelo psicopata Jair Messias Bolsonaro.

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