

“Os generais estão entregando sua dignidade para um débil mental.” (Renato Rovai, jornalista e editor da revista digital Brasil 247).
Se há uma frustração inequívoca que Jair Bolsonaro carrega em sua vida, esta é a de ser um militar frustrado, que saiu do Exército pelo esgoto e foi até chamado por um de seus ídolos, o general Geisel, de “mau militar”. Indisciplinado, acabou reformado como capitão. Em seu currículo militar, pode-se dizer que desonrou a farda que um dia vestiu.
Agora como Presidente da República, uma das características de seu governo é esculachar generais. Afinal, o Comandante Supremo das Forças Armadas, que é um capitão reformado, manda, e os generais obedecem. Mas isso, para Bolsonaro, não basta. Desde o início de seu governo que generais têm sido alvo de humilhações, intrigas e esculachos, tanto por parte de Bolsonaro como por parte de seus filhos e agora a tarefa de esculachar generais já foi até “terceirizada” para o Ricardo Salles.
Primeiro foi o general Santos Cruz, que ocupou a Secretaria de Governo. Atacado diuturnamente pelo filho de Bolsonaro vulgarmente conhecido como “Carluxo” (em consórcio com o astrólogo Olavo), acabou sumariamente demitido por Bolsonaro. Claro que “carluxo” e o astrólogo tinham razão!
Até o vice-presidente da República Hamílton Mourão foi (e vez por outra é) alvo de ataques dos filhos de Bolsonaro. Mas as reações do general Mourão são muito parcimoniosas e ele poderia ser mais incisivo ao reagir, até porque Bolsonaro não pode demiti-lo porque ele é eleito.
Na última semana nem se fala. Os generais do governo foram atirados ao fundo do poço. A humilhação pública sofrida pelo “ministro” da Saúde, Eduardo Pazuello, que é um general da ativa, foi um episódio deplorável. Episódio que qualquer ser humano que estivesse em seu lugar e por mais humilde que fosse, mas que tivesse um nanômetro de dignidade, teria ido para casa e mandado Bolsonaro “para aquele lugar”. Além de desautorizado e desmoralizado publicamente, Pazuello ainda foi impelido a passar pelo constrangimento de gravar um vídeo tendo que dizer, ao lado do Bolsonaro, que “um manda e o outro obedece!” Não há contracheque turbinado que possa fazer alguém, com um mínimo de dignidade, passar por essa humilhação. Mas o general Pazuello passou!
E, para finalizar, agora os esculachos aos generais já são “terceirizados” pela família Bolsonaro. Valendo-se desse “direito” Ricardo Salles “passou a boiada” no ministro da Secretaria de Governo, o general Luiz Eduardo Ramos, chamando-o de “Maria Fofoca” nas redes sociais. Ora, um general que é ministro ser chamado de “Maria Fofoca” deve exigir ou uma retratação pública ou deixar o governo. Sabe-se que os filhos do Bolsonaro apoiaram a ofensa, pois são partidários do Salles. Mas se o general ouviu o “elogio” e ainda mantém-se no governo é porque também entubou. O general Ramos também deve saber que se Bolsonaro tiver que escolher entre ele e Salles, claro que escolherá Salles.
Até quando os generais venderão suas almas, suas estrelas e suas dignidades a um psicopata frustrado que, por um acidente de percurso, chegou à Presidência da República? Até quando os generais aceitarão as humilhações de um governo liderado por um paranoico arrivista? Até quando os generais aturarão tantos esculachos? Saiam já daí e voltem para o quartel os que forem da ativa ou para casa os que forem da reserva!