
“Essa conversinha fiada da Igreja Universal é por interesse político, tá? Um jogo estratégico nojento, político, para agradar, porque Bolsonaro está apoiando Crivella e Russomanno” (Silas Malafaia, dono da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, atacando Edir Macedo, dono da Igreja Universal do Reino de Deus, em entrevista à folha de São Paulo, em 7 de outubro de 2020).
Barraco entre bispos bolsonaristas. Tudo por causa (ainda) da indicação de Kassio Nunes para o STF. Silas Malafaia, dono da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, ainda não digeriu a escolha feita por Bolsonaro que, ao que tudo indica, teve mesmo o dedo do “Centrão”. Malafaia já descascou Bolsonaro pelas redes sociais e acusou o escolhido de ser ligado “à Dilma, ao Lula e à ideologia do PT”. Malafaia pensava que seria consultado na escolha. Afinal, Bolsonaro havia prometido um nome “terrivelmente evangélico” e o que se viu foi a indicação de um católico “terrivelmente Centrão”. E Malafaia acabou sendo o último a saber.
Mas se o empresário da fé Silas Malafaia não gostou, o outro empresário da fé, Edir Macedo, também bolsonarista e dono da Igreja Universal, deu o seu apoio para a indicação. E isso irritou ainda mais o já irritado Malafaia. Malafaia acusa o apoio dado por Macedo ao indicado para o STF de ser um “jogo estratégico, nojento, político.” Tudo seria, segundo Malafaia, para agradar a Bolsonaro, que está apoiando a candidatura de Russomano, em São Paulo, e de Crivella, no Rio. Ambos são do Republicanos, partido controlado pela Igreja Universal. Malafaia acusa então um “toma lá, dá cá” entre Bolsonaro e Edir Macedo. O apoio de Edir Macedo aliviaria um pouco a reação negativa dos caciques-empresários evangélicos em relação a Kassio Nunes. Enquanto a aprovação de Kassio Nunes é dada como certa no Senado, Malafaia continua se remoendo e fazendo acusações ao seu concorrente bolsonarista.
Na mesma entrevista, Malafaia ainda atira mais pedras em Edir Macedo e sua igreja, ao afirmar que “a Universal representa apenas 4% dos evangélicos”. Ou seja, minimizou a representatividade política da igreja de seu concorrente. Malafaia também tem interesse na eleição municipal. O vereador Alexandre Isquierdo, do DEM, é ligado à igreja de Malafaia e candidato apoiado por ele. Certamente essa briga ainda terá novos capítulos. Será um “vale-tudo” para ver quem tem mais prestígio e influência no governo de extrema-direita. E parece que Malafaia perdeu o primeiro “round”.