
“Toffoli arquiva todos os inquéritos da delação de Cabral.” (O Globo, 16 de setembro de 2020, página 8.)
Já dissemos em outra oportunidade e repetimos: Dias Toffoli, que recentemente deixou a presidência do STF, teve uma gestão nefasta e medrosa diante do bolsonarismo. Ele paralisou as investigações contra Flávio Bolsonaro e, quando se pronunciou sobre os ataques que a própria Corte que presidia sofreu por parte de extremistas da direita, o fez de forma tímida e protocolar. Nada além disso.
E, “aos 45 do segundo tempo”, tomou outra medida que mostra que ele não queria que algumas coisas fossem adiante. Toffoli decidiu arquivar todos os inquéritos da delação do bandido Sérgio Cabral. Ao todo, eram 12 inquéritos de delação que foram assinados com a Polícia Federal. As delações de Sérgio Cabral já haviam sido homologadas por Edson Fachin. Agusto Aras, o procurador bolsonarista da República, também pediu que os 12 inquéritos fossem arquivados.
Curiosa e coincidentemente, na pilha de inquéritos arquivados, havia acusações a juízes do STJ, a membros do Tribunal de Contas da União e também a parlamentares. Foi o último presentão dado por Toffoli a alguns membros da toga e do Legislativo, que agora respiram aliviados com o arquivamento.
Enquanto isso, só para não cair no esquecimento, delações hoje comprovadamente mentirosas foram aceitas e até divulgadas por um ex-juiz às vésperas da eleição de 2018. E todos sabem qual foi a finalidade dessa imundície em 2018. Mas ali “valia tudo”. Ao final, esse mesmo ex-juiz, depois de usado, foi ruminado e cuspido por aquele para o qual usou a toga e o beneficiou.
Fica agora a pergunta: quem Toffoli quis blindar ao determinar o arquivamento da delação de Cabral? Se um dia viermos a saber a resposta a essa pergunta, o estrago já estará feito. E a lei, como sempre, já não terá sido para todos.