
O ativista político e procurador-monetizador Deltan Dallagnol finalmente não teve sucesso ao usar as artimanhas protelatórias que ele próprio sempre condenou. Dallagnol, sempre jogando para sua galera, dizia que “uma das razões da impunidade é a prescrição.” Inclusive para ele, que tentou e conseguiu adiar julgamentos contra ele no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) por 41 vezes. Até prescrever. Mas ele teve recentemente uma fragorosa derrota. O processo que respondia, por manifestações políticas em redes sociais por ocasião da eleição da presidência do Senado (ele atacou Renan Calheiros) acabou tendo o aval do STF para que o CNMP desse o veredito. Que se abra um parênteses: nada a favor do Renan Calheiros, mas tudo contra uma postura indevida de um procurador. O processo havia sido paralisado, mas Gilmar Mendes determinou sua retomada. E Dallagnol foi condenado por 9 a 1, quase que uma unanimidade. sua punição: a censura. Por enquanto.
Mas o inferno do ativista político e procurador Deltan Dallagnol parece só estar começando. Ele ainda tem muitos processos a responder e, portanto, muito a explicar a seus pares do CNMP e também à sociedade. O Ministério Público é fundamental em uma democracia. Ele não deve representar interesses políticos, como sempre fez Dallagnol, porque ele representa a sociedade o Estado. Portanto, deve ser independente. O ativismo político, as ilegalidades e os abusos de Dallagnol sempre foram explícitos e, embora causassem orgasmos nos “justiceiros de ocasião”, envergonhava seus próprios pares, ou seja, os bons procuradores e o Ministério Público enquanto instituição. Ressalte-se que o julgamento que impôs a pena de censura a Dallagnol não teve como juízes deputados, senadores ou alguém do Judiciário. Foram os seus próprios pares, ou seja, procuradores da República que entenderam que Dallagnol infringiu princípios básicos da conduta de um procurador. E ele foi condenado quase que por unanimidade.
Mas a coisa não para por aí. A “folha corrida” de Dallagnol no Conselho do Ministério Público é longa. Mais 8 processos ainda estão na fila e Dallagnol poderá sofrer sanções que podem culminar em sua suspensão do cargo de procurador. Receber pagamento por palestras em empresas investigadas; perseguição secreta e ilegal a membros do STF; propaganda de autopromoção; ataques nas redes sociais contra decisões do Supremo, dentre outros delitos que significam absurdos desvios de conduta, estão na lista de julgamentos que Dallagnol deverá enfrentar. Afinal, como ele mesmo e seus seguidores sempre diziam, “a lei é para todos”, inclusive para ele. E, no caso dele, mais do que convicções, há provas. Se assim não fosse, ele não teria adiado em mais de 40 vezes um julgamento.
Enquanto isso, o marreco que vá colocando as suas penas de molho. Logo ele também será julgado no Supremo por seus crimes contra a democracia, o Estado de Direito e a economia brasileira.