

No dia 7 de setembro de 1822, quando a elite que esteve à frente do movimento que culminou na Independência, saía às ruas para festejar, os negros não tinham o que comemorar. Afinal, a independência não foi para eles, visto que a escravidão permanecia. Como também não foi para os mais pobres, visto que as terras e demais bens continuavam nas mãos dos de sempre e até o direito de voto foi negado à grande maioria da população. Votar continuava a ser um privilégio daqueles que desde o período colonial eram chamados de “homens bons”: brancos e ricos. A “Independência” oficial foi para brancos e ricos. Quanto aos demais, até hoje lutam pela verdadeira Independência.
Ontem Bolsonaro desfilou em carro aberto com oito crianças na comemoração oficial da Independência. Mas não havia nenhum criança negra no carro presidencial. Bem representativo do que foi a “Independência”, que foi uma independência apenas para alguns. Bem representativo do que vem sendo esses quase 200 anos desde que nos tornamos um Estado Nacional: os excluídos estão por todo esse tempo lutando para que a verdadeira Independência seja alcançada. Ao longo de muito tempo e muitas lutas, algumas vitórias. Porém, hoje vivemos um grande retrocesso. Negros, nesse governo, só se forem racistas, como o presidente da Fundação Palmares. Ou se aceitarem fazer o papel de “papagaio-de-pirata”, tal como o deputado Hélio, que a família Bolsonaro o adotou e o usa como se fosse um animal de estimação. Mas, quando eles vão “mostrar” o Brasil, eles excluem os negros. E não foi apenas no desfile de ontem. Assim como na peça publicitária do governo Bolsonaro, que foi lançada em abril, são mostradas cinco crianças, todas brancas, no desfile de 7 de Setembro oito crianças, todas brancas, representavam o Brasil de Bolsonaro.
E, como se não bastasse, à noite o Presidente, em um ridículo discurso, ainda teve a cara-de-pau de exaltar a “miscigenação” que ele insiste em esconder. Cínico! Debochado! Impostor!