Sabem aquela “classezinha média”, assalariada, que paga plano de saúde, tem os filhos na escola particular, não vive de renda, mas do seu trabalho, e ainda assim pensa que é burguesa? Claro que não era com eles que o “Posto Ipiranga” estava falando. Aliás, nunca foi. Na reunião de 22 de abril, ele já havia mandado o recado para os “donos de lojinhas”, quando foi bem claro ao dizer que “o governo iria perder dinheiro se ajudasse pequenas empresas e ganharia se ajudasse grandes empresas.”

Agora, o recado do “Posto Ipiranga” é para o cidadão de classe média mitomaníaco, que pensa que é burguês e votou no Bolsonaro “contra a corrupção”: Paulo Guedes quer acabar com as deduções de despesas médicas e de educação no Imposto de Renda da pessoa física. Isso mesmo: se depender do “Posto Ipiranga”, você, classe média que pensa que é rico, não poderá mais abater as despesas de saúde e educação no seu Imposto de Renda. Ou seja: você vai pagar mais imposto.

Tudo isso, na verdade, tem uma explicação: Bolsonaro está desesperado para implementar o novo “Bolsa Família”, que passará a se chamar “Renda Brasil”. E Guedes está desesperado para ressuscitar a CPMF, por meio de um “imposto eletrônico”. Mas a volta da CPMF não tem apoio do Congresso e até mesmo no “Centrão bolsonarista” há resistência. Ao mesmo tempo, Bolsonaro quer que o seu “Renda Brasil”, fundamental para suas pretensões eleitorais, seja de 300 reais. Então Guedes, já que a nova CPMF não se consumará, já adiantou que para o “Renda Brasil” ser de 300 reais, as deduções de despesas médicas e de educação no Imposto de Renda da pessoa física terão que ser extintas. Ele não vai tirar de banqueiros (ele é banqueiro!). Ele não vai tirar das grandes empresas. Ele não vai tirar das grandes fortunas. Ele vai tirar de você, assalariado, que pode pagar plano de saúde e escola particular. E já que você (ainda) pode pagar plano de saúde, seria bom marcar uma consulta com um psiquiatra porque, certamente, ao se achar “burguês”, você está sofrendo de mitomania e precisa de tratamento.