E SE O PT NÃO TIVER CANDIDATO EM 2022?

“Acho plenamente possível ter uma eleição em que o PT não tenha candidato a presidente. O PT pode ter candidato a vice, a outra coisa. Isso é plenamente possível.” (Luiz Inácio Lula da Silva, em 20 de agosto de 2020).

A declaração de Lula, feita esta semana, teve grande repercussão, especialmente entre os partidos e eventuais candidatos a Presidente da República do espectro da centro-esquerda. Vários deles se posicionaram, mas entendemos que qualquer leitura da fala de Lula, mesmo podendo ser considerada válida, não passaria de conjectura ou especulação.

O que levaria o maior partido da esquerda brasileira a abdicar da candidatura à Presidência da República? Afinal, o PT é o único partido político que, desde o restabelecimento das eleições diretas, após a ditadura militar, esteve presente em todos os segundos turnos. Foram ao todo 8 eleições. O PT foi para o segundo turno em todas, tendo vencido 4 e sido derrotado em 4. Nenhum partido político brasileiro conseguiu a proeza de ir para o segundo turno de todas as eleições presidenciais desde 1989, exceto o PT. Na última eleição, mesmo demonizado, sendo atacado pela mídia, tendo sofrido um golpe e com seu maior líder sendo preso por conta de um conluio para tirá-lo da disputa, ainda assim foi ao segundo turno e teve a confiança de 47 milhões de brasileiros, mesmo com um candidato lançado a menos de um mês do pleito. Abrir mão de tudo isso? Não obstante a reação de vários partidos de esquerda e seus respectivos eventuais candidatos, o que é possível conjecturarmos sobre a declaração de Lula?

Pode ser uma estratégia? Sim, claro que pode. Imagino que os institutos de pesquisa, depois da declaração do Lula, já estejam providenciando pesquisas sem a presença de um candidato do PT como opção, o que até então não acontecia. Em todas elas, o candidato do PT sempre aparecia no segundo turno com Bolsonaro. Como seria agora? Quem estaria no segundo turno de acordo com as pesquisas e com qual percentual? Lula poderia ter feito a declaração para talvez avaliar os possíveis cenários. E será que, dependendo dos números, Lula não poderia dizer: “Estão vendo? Não dá para nenhum de vocês!”

Como ficaria a postura de alguns possíveis candidatos do campo da centro-esquerda, que fazem muitas críticas ao Lula e ao PT, especialmente Ciro e Marina? Com o PT aceitando ser o vice na chapa, essa turma não poderia mais ficar criticando nem o Lula e nem o PT e isso seria bom para o Lula. Até porque, mesmo que o PT não dispute a cabeça da chapa, seja qual for o candidato da centro-esquerda, este não se elegerá sem os votos do PT. Então, certamente, os seus críticos da centro-esquerda cessariam o fogo.

Os candidatos remanescentes da centro-esquerda se entenderiam? Entre Ciro e Flávio Dino, por exemplo, quem abriria mão? O que seria mais viável: enfrentar o estúpido, boçal e belicista Bolsonaro com a sobriedade de um Flávio Dino ou com a explosão furiosa do Ciro?

Entendemos ainda que a ausência do PT faria Bolsonaro mudar sua estratégia. O PT é um alvo fixo de Bolsonaro, que alimenta o seu discurso e ensandece seus seguidores. Além disso, já há toda uma “caixa pronta” de ataques ao PT, que vão desde o estigma da “corrupção”, como se o PT fosse o único partido político que teve corruptos, até as insanidades como “mamadeiras de piroca”, “kits gay” e toda uma artilharia de fake news que está preparada para novamente ser deflagrada. Não é à toa que Bolsonaro e os bolsonaristas lutam contra a CPI das fake news. Sem o PT na disputa, Bolsonaro não poderia falar em relação aos outros adversários que eles “estiveram no poder por 14 anos”, como sempre repete sobre o PT.

Por fim, e poderíamos ampliar o leque de especulações, podemos nos perguntar: o que a ausência do PT pode representar para eventuais candidatos da direita, como João Doria e Sérgio Moro? Pela nossa leitura, sem um candidato do PT Doria e Moro não teriam como se apresentar como “alternativas”, visto que desapareceria a tal “polarização” e é nela que nomes da direita apostam para se elegerem. Isso sem falar que Doria apoiou Bolsonaro em 2018. Já Sérgio Moro… Bem, esse todos sabem!

Em meio a tantas especulações e conjecturas que poderão ser lançadas, uma coisa, no entanto, é certa: o Lula não é bobo! Uma vez julgada a suspeição de Moro e a sentença contra Lula anulada e, consequentemente ele voltando a ser elegível, ele próprio não poderia ser candidato? Não sei, mas “acho plenamente possível!”

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