
No dia em que o Brasil atingiu a triste marca dos 100 mil mortos por coronavírus, Bolsonaro não fez qualquer manifestação oficial de pesar. A triste marca foi atingida exatamente na véspera do dia dos pais. Quantos filhos perderam seus pais e quantos pais perderam seus filhos nessa tragédia que Bolsonaro desde sempre desdenhou! Antes fosse a “gripezinha” ou o “resfriadozinho”, denominações desdenhosas e depreciativas com as quais ele, em sua loucura negacionista, se referia à tragédia. Qual a mensagem de solidariedade às famílias (ele que, demagogicamente, apropriou-se da “família” como uma das palavas-chaves de sua campanha) que Bolsonaro enviou no dia da fatídica marca? Enquanto o Congresso Nacional e o Judiciário decretavam luto pelos 100 mil mortos, Bolsonaro comemorava o título de campeão paulista conquistado pelo Palmeiras. Essa foi a mensagem de Bolsonaro, por volta das 19 horas do sábado, 8 de agosto:
“Parabéns Palmeiras campeão paulista 2020”.
E não me venham dizer que Bolsonaro se manifestou, porque ele não se manifestou sobre os 100 mil mortos pela tragédia que ele próprio alimenta. Porque o que Bolsonaro fez depois da alegria com que parabenizou o Palmeiras foi compartilhar, repetindo, compartilhar uma mensagem da Secom. Ele próprio, Bolsonaro, não enviou qualquer mensagem de pesar. E ressalte-se que a mensagem da Secretaria de Comunicação que ele compartilhou pouco falou dos mortos e muita defesa fez da gestão temerária e criminosa do governo na saúde.
Bolsonaro é sim culpado. O país não tem ministro da saúde. Quem responde pela pasta é um militar da ativa que aceitou fazer o papel de fantoche de um psicopata e chancelar, criminosamente, o uso da cloroquina. Bolsonaro é sim culpado porque os recursos destinados ao combate da pandemia não foram gastos. O TCU informou que o governo gastou apenas 29% desses recursos. Bolsonaro é sim culpado porque substituiu os quadros técnicos do Ministério da Saúde por militares que nada entendem de saúde pública. Bolsonaro é sim culpado porque, covardemente, quando o país precisava de um líder que unisse, ao menos temporariamente o país para combater a pandemia, não assumiu a liderança que seu cargo exigia que ele assumisse, diante da maior tragédia sanitária do país nos últimos 102 anos. Bolsonaro é sim culpado porque desrespeitou protocolos sanitários internacionais, provocou aglomerações, desdenhou a OMS e, de forma alucinada e criminosa, ainda incentivou atos golpistas em plena pandemia. Bolsonaro é sim culpado porque entupiu os depósitos de cloroquina e, sem saber o que fazer com tamanha quantidade daquele remédio, em um de seus picos de senilidade chegou a oferecer o medicamento até para as emas.
No dia em que 100 mil mortes foram registradas, manifestações por diversas partes do país foram realizadas. Famílias enlutadas lembraram seus mortos. Mas Bolsonaro preferiu, alegre e sorridente, comemorar o título do Palmeiras. “Vamos tocar a vida”, como disse Bolsonaro? Não! Não sem antes tocar o dobre de finados…