
“Bolsonaro queria mandar tropas para o Supremo porque os magistrados, na sua opinião, estavam passando dos limites em suas decisões e achincalhando sua autoridade. Na sua cabeça, ao chegar no STF, os militares destituiriam os atuais onze ministros. Os substitutos, militares ou civis, seriam então nomeados por ele e ficariam no cargo “até que aquilo esteja em ordem.” (Trecho da reportagem da jornalista Mônica Gugliano, revista Piauí).
O Brasil esteve perto de sofrer um golpe. Ou, pelo menos, uma tentativa. Seria no dia 22 de maio de 2020, quando Bolsonaro anunciou que iria interferir no STF, enviando tropas e fechando a Suprema Corte e atendendo, assim, aos pedidos de seus insanos seguidores. O motivo? Bolsonaro entendeu que os ministros do STF estariam ultrapassando os limites em suas decisões e ameaçando a autoridade dele. Bolsonaro disse que iria “intervir” depois que o ministro Celso de Mello solicitou à PGR um parecer sobre a possibilidade de apreender o telefone de Bolsonaro e de seu filho Carlos, vulgo “Carluxo”.
A revelação sobre o golpe que foi aventado, discutido e acabou não se consumando, está em uma reportagem da revista Piauí, publicada nesta quarta-feira, 5 de agosto. Segundo a reportagem, Bolsonaro chegou a comunicar a seus ministros militares que enviaria tropas para fechar o Supremo Tribunal Federal, e certamente não seria “um cabo e um soldado”. Após fechar o STF, o próprio Bolsonaro nomearia os substitutos dos juízes depostos.
A reportagem é da jornalista Mônica Gugliano. Na conversa com os generais, Bolsonaro teria sido demovido da ideia. No entanto, a matéria afirma que o general Luiz Eduardo Ramos teria apoiado a proposta de golpe. Braga Netto e o general Heleno teriam sido contra. O general Heleno teria dito que “não é o momento”. Como se pudesse haver “momento” para golpe. A coisa torna-se ainda mais grave quando temos generais da ativa no governo.
A conspiração de Bolsonaro com os generais, quando foi discutida a ideia de um golpe, precisa urgentemente ser apurada. Bolsonaro e seus parceiros de farda do alto oficialato precisam ser ouvidos. Agora, é hora do próprio STF reagir, assim como o Congresso. E aí Rodrigo Maia? Vai dizer que também não vê crime?