
Antes mesmo de se explicar no Congresso André Mendonça, o ministro “terrivelmente evangélico” da Justiça, vai ter que se explicar no STF sobre o tal dossiê do governo, elaborado para perseguir servidores antifascistas. Em uma ação movida pelo partido Rede Sustentabilidade junto ao STF, a ministra Carmen Lúcia deu um prazo de 48 horas para que o ministro da Justiça dê explicações sobre o tal dossiê.
A lista, que até agora conta com 579 nomes, representa um dos maiores retrocessos da democracia, só comparável ao período da ditadura militar, quando existiam órgãos oficiais de informação, fichamento, monitoramento e repressão de cidadãos por motivos ideológicos.
Em entrevista à Globonews no último domingo, o ministro André Mendonça, em tom de enrolação, não confirmou e nem negou a existência do tal dossiê secreto.
No despacho da ministra Carmen Lúcia, sua decisão está assim resumida:
“ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE
PRECEITO FUNDAMENTAL. ALEGAÇÃO
DE INVESTIGAÇÃO SIGILOSA NO
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA CONTRA
OPOSITORES DO GOVERNO.
LIBERDADES E DEMOCRACIA. RISCO DE
INOBSERVÂNCIA DOS PRECEITOS
FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO
POR ÓRGÃO ESTATAL. ADOÇÃO DO
RITO DO ART. 10 DA LEI N. 9.868/1999.
REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES
URGENTES.”
Ficamos na expectativa da explicação que André Mendonça deve não apenas ao STF, mas à toda sociedade brasileira. E que esse ministro “terrivelmente evangélico” saiba que democracia, Estado de Direito e os preceitos sagrados do artigo 5º de nossa Lei magna são valores inegociáveis.