
“Moro se diz ‘perplexo’ após Aras desengavetar delação.” (“O Globo”, 4 de junho de 2020, página 7).
A notícia acima está no Globo de hoje, jornal que é perpétuo defensor do “lavajatismo à la Moro” e do qual o próprio Sérgio Moro tornou-se, recentemente, um de seus articulistas. Sérgio Moro ficar “perplexo” ou “indignado” com um procurador chega a ser risível, levando-se em conta as armações subterrâneas que ele e seus procuradores tarefeiros de estimação fizeram quando Moro ainda usava a toga com fins políticos.
Mas a “perplexidade” (leia-se: temor) de Moro tem explicação: O procurador-geral da República Augusto Aras quer desengavetar uma delação que atingirá o seu amigo, o advogado Carlos Zucolotto. Mas se fosse só pelo amigo, Moro certamente não ficaria tão “perplexo”. O amigo em questão teria recebido dinheiro sabem de quem? De ninguém menos do que Rodrigo Tacla Duran, aquele que causa calafrios e urticária em Sérgio Moro. E mais: o amigo de Moro que teria sido comprado por Tacla Duran era sócio de Rosângela Moro em um escritório de advocacia. Claro que deve ter “caroço no angu”.
Tacla Duran sempre quis depor na Lava-Jato, mas Moro sempre se recusou a ouvi-lo. Tacla Duran disse que pagou ao amigo de Moro para que sua situação na Lava-Jato fosse “refrescada”. Moro sempre teve medo do depoimento de Duran e considera Tacla Duran como um “criminoso sem credibilidade”. Então, por que tanto medo de seu depoimento, já que ele não tem credibilidade?
Hoje está sendo publicado que Tacla Duran teria procurado Augusto Aras para fazer um acordo, o que poderá viabilizar o depoimento que Moro sempre temeu, visto que comprometeria, além do próprio Moro, a Lava-Jato. Daí a “perplexidade”…
A possível (e agora mais provável) delação de Tacla Duran deve ser mesmo uma bomba para Moro. Tanto que o “Jornal Nacional”, de ontem já abriu espaço para que Moro se defendesse previamente, antes mesmo do que poderá ser revelado. Isso já diz muita coisa. Com a Globo já entrando em cena para defender um de seus possíveis candidatos a Presidente, então a coisa deve ser mesmo muito feia. Até o Dallagnol, parceiro político, companheiro de falcatruas em processos e subordinado de Moro na Lava-Jato, apareceu na reportagem do “Jornal Nacional” para defender o seu chefe. Essa campanha pró-Moro da Globo justifica ainda mais a necessidade do depoimento de Tacla Duran. Acho que ficaremos “perplexos”…