O EXEMPLO DO STF

Os ataques e ameaças ao STF vindos de Bolsonaro, seus filhos e seus seguidores conseguiram um feito que há muito não víamos: a união dos juízes do Supremo Tribunal Federal. União em torno do Estado Democrático, da Constituição e das instituições. Há muito que o STF mostrava-se dividido e essa divisão chegava a gerar embates calorosos. Quem não se lembra das rusgas entre Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, em bate-bocas transmitidos ao vivo? Até as votações de maior relevância, que dividiam a opinião pública, também dividiam os juízes do STF. Foram muitos os placares apertadíssimos por 6 a 5. Aécio só escapou graças ao voto de minerva de Carmen Lúcia. E Lula só se deu mal porque Rosa Weber preteriu suas próprias convicções em favor da jurisprudência. Em ambos os casos, um voto fez a diferença e até mudou os destinos do país. A divisão vem sendo a marca da atual Corte.

Hoje, o STF se vê ameaçado como instituição. Ataques e ameaças vindas do Presidente da República, do general Augusto Heleno, dos filhos do Presidente. Todos com DNA golpista. Basta dizer que o general Heleno foi discípulo de Sílvio Frota, o general da linha dura que não queria a abertura política e acabou demitido pelo Geisel. Isso sem contar os grupos, alguns armados, que estão constantemente nas ruas e nas redes sociais, ameaçando a Corte e os juízes que tomam decisões que não agradam a Bolsonaro. Alexandre de Moraes e Celso de Mello são no momento os maiores alvos dos ataques, mas a sanha fascista atinge toda a Suprema Corte e, consequentemente, a democracia.

Diante desse quadro de ameaças, os juízes do STF estão dando um exemplo de união em defesa da democracia e da Constituição promulgada em 1988. Demorou, mas a atual Constituição já é a segunda mais longeva do período republicano, e estará completando em outubro 32 anos. Ela só não é a mais longeva da história do país porque a Constituição do Império vigorou por 67 anos. E nesses mais de 30 anos, nunca a Constituição sofreu tantas ameaças. Já o STF está próximo de completar 130 anos de exsitência e certamente nunca foi tão ameaçado. Se Bolsonaro, seu clã, seus ministros e seus apoiadores estão blefando, não sabemos. Há quem diga que sim. De qualquer modo, ofensas e ataques às instituições democráticas não podem ficar sem resposta. E, principalmente, sem atitude. E, em um momento como esse, urge a união daqueles que, independentemente de convicções doutrinais ou político-ideológicas, não querem que o Brasil retroaja. E, nesse aspecto, a atitude de coesão dos ministros do STF deve servir como exemplo. Tanto para a esquerda como para a direita liberal. Porque ambos estão igualmente sendo atacados pelo fascismo bolsonarista. Mas a atitude do STF também mostra-se evidente: estamos observando que, independentemente da matilha raivosa dos fascistas, a Suprema Corte continua tomando as decisões e mostrando unidade. O apoio público de todos os integrantes da Corte às medidas de Alexandre de Moraes, maior alvo dos bolsonaristas, é prova disso. Exemplo de união que deveria chegar a todos aqueles que deveriam priorizar, acima de qualquer interesse eleitoreiro, a manutenção do Estado Democrático de Direito.

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