
Queiram ou não, qualquer indicado para o cargo de ministro, por mais técnico que seja, está a serviço de uma causa política. E que não venham com eufemismos qualquer participante, de qualquer escalão do governo Bolsonaro, que tentem esconder a causa para a qual estão servindo: estão servindo a um governo fascista, miliciano e genocida.
O ministro da Saúde, Nélson Teich, é um desses exemplos. Bolsonaro viu-se eclipsado pelo direitista Mandetta que, apesar de direitista, vinha seguindo protocolos científicos e determinações da OMS, o que era o mínimo a se fazer. Mas Bolsonaro não acredita na OMS. Então, tratou de chamar um fantoche que, tal como ele, não tem qualquer resposta para o enfrentamento da maior crise de saúde pública da história do Brasil em mais de 100 anos. E isso não tem nada a ver com seu conhecimento médico e científico. Teich é obscuro, opaco e atua exatamente como Bolsonaro desejava: sendo apenas uma figura decorativa, repetindo clichês e com uma frieza de quem parece ter sido treinado para não reagir a absolutamente nada.
Enquanto a pandemia do coronavírus avança em nosso país, com o número de casos estando perto de 62 mil e com mais de 4.200 mortes registradas oficialmente (isso, sem levar-se em conta as sub-notificações), Bolsonaro cria crises políticas semanais, parecendo ser uma estratégia para empanar a sua falta de competência e sensibilidade para dar respostas à pandemia. De quebra, fomenta novos inimigos, colocando sua ensancecida base de apoio em alerta 24 horas por dia para pedir intervenção militar, AI-5 e fechamento co congresso e do STF. E que siga a “gripezinha”. Então, nesse sentido, Nélson Teich, um ministro da Saúde que não fala, não interage com secretários estaduais, não encaminha respostas para quase nada e submete-se a ser tutelado pelo seu chefe a ponto de abrir mão da ciência, é tudo o que Bolsonaro queria. O conhecimento científico que Nélson Teich possui não terá qualquer serventia no governo de Bolsonaro. Ele será apenas um fantoche no mambembe de horrores bolsonarista. Porque ele virou um “Nélson Fantaich”. Assim, enquanto ele se cala, Bolsonaro vai receitando cloroquina, ofendendo a OMS e instigando o fim do isolamento. Triste fim de quem é tido, na classe médica, como um excelente oncologista.