SE A INTERNET DO SECRETÁRIO FALHOU, O ENSINO À DISTÂNCIA PODE FUNCIONAR?

O SEPE/RJ (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro) divulgou uma nota informando que a reunião em videoconferência que seria realizada nesta quarta-feira, 8 de abril, com a SEEDUC (Secretaria Estadual de Educação) não foi realizada. O motivo, por incrível que pareça, foram as falhas na conexão de internet do secretário estadual de Educação, Pedro Fernandes.

A pauta da reunião seria o EAD (ensino à distância), que a SEEDUC quer impor a alunos e professores durante a quarentena, quando as escolas estaduais estarão fechadas por tempo indeterminado. O SEPE reafirma que opõe-se ao EAD em razão de seu caráter excludente, tanto em relação a alunos como a professores, o que desrespeita o princípio da universalidade da Educação, que é garantida na Constituição Federal.

As falhas na conexão da internet do próprio secretário de Educação já comprovam o caráter excludente do ensino à distância. Se a internet do secretário Pedro Fernandes falhou, quem garante que cerca de 700 mil alunos poderão estar conectados? Isso sem falar nos professores. E se a internet do aluno falhar, ele vai receber falta? E se a internet do professor falhar, ele também vai receber falta? E não nos esqueçamos de uma pergunta pertinente feita por alguns alunos: “se o ensino é à distância, a merenda virá pelo iFood? “

E mais: quais as reais condições dos alunos da rede nessa quarentena diante do avanço da pandemia? Como estarão em suas casas? Como estarão suas condições de saúde e de seus familiares? Muitos deles, ressalte-se, moram em comunidades carentes e onde o coronavírus já está avançando de forma avassaladora. Teriam os alunos, diante de tudo isso, condições emocionais de estarem diante de um computador com internet (caso tenham) com a casa, muitas vezes pequena, cheia de gente em quarentena?

A proposta do ensino à distância foi uma coisa do tipo “sangria desatada” e soou como uma medida para “mostrar serviço” num momento muito peculiar de nossa história em que estamos vivendo e testemunhando algo que não acontecia no Brasil há mais de 100 anos. O momento exige foco na saúde. O momento exige foco em salvar vidas. E, nesse momento, que saberes ou conhecimentos seriam tão necessários, mas tão necessários, que não poderiam ser adiados só por algum tempo? Pressões sobre professores para acessaremm a plataforma, quando todos ja estão pressionados e angustiados pela situação? Se a internet do senhor secretário Pedro Fernandes não tiver falhas na conexão, ele poderia responder aqui nesse espaço.