DORIA: UM BOZO ILUSTRADO E DE GRIFE

A pandemia não pode, sob qualquer pretexto, ser usada politicamente. Mas, inexoravelmente trará consequências políticas. E uma delas já está sendo a nítida divisão da direita. Um exemplo? O embate João Doria X Bolsonaro.

Doria concorda com todas as pautas econômicas e anti-sociais de Bozo/Paulo Guedes. Ele apoiou a reforma da previdência e até fez uma em seu estado. Ele defende a privatização de tudo. Ele odeia servidor público. Ele é elitista. E um detalhe importante: ontem, em plena entrevista no Palácio dos Bandeirantes, ao ser perguntado sobre o dispositivo criminoso da MP 927 que suspendia os salários dos trabalhadores por 4 meses, ele não apenas disse estar de acordo, como ainda parabenizou Bolsonaro pela medida. Então, não se iludam com o Doria porque, em essência, ele não deixa de ser um Bozo, só que com outra embalagem, com um discurso mais esmerado e sem expressar tanta escrotidão. Essa pandemia vem mostrando isso e Doria, aliás, vem nocauteando o Bozo.

Doria vem aparentando competência, tem excelente oratória, equilíbrio emocional, articulação, conhecimento, educação no trato com a imprensa e já evidenciou seu protagonismo. Já Bolsonaro demonstra incompetência total, mal sabe se expressar, é despreparado emocionalmente, não tem capacidade de articulação, demonstra incapacidade cognitiva, é desagregador, ofende a imprensa e vem sendo um mero figurante em seu próprio governo.

Há um detalhe curioso. Se alguém que nunca tivesse ouvido falar em Doria ou Bolsonaro assistisse aos dois em seus discursos e entrevistas sobre a pandemia, e logo depois tivesse que responder qual dos dois está há quase 30 anos na política e qual deles entrou na política há apenas 5 anos, não há dúvida de que essa pessoa diria que Doria é o veterano e Bolsonaro um insignificante estagiário.

A última pesquisa mostra que, na crise atual, o povo confia mais nos governadores e até no ministro da Saúde do que no próprio Bolsonaro, como se o Presidente da República já não comandasse mais nada. Insignificante como militar, insignificante como deputado, a crise agora expõe a insignificância absoluta de Bolsonaro.

O bolsonarismo já vem perdendo campo para Doria antes mesmo da crise pandêmica. Mas agora, diante da realidade, o capitão parece não passar mesmo de um mito e Doria surge como um novo Bozo: um Bozo que é bom orador, educado, simpático, com gel no cabelo. Mas não se iludam: Dória não passa de um Bozo ilustrado e de grife…