A entrevista coletiva de Bolsonaro e seus ministros mascarados não teve nada de novo em termos de informações e esclarecimentos sobre o coronavírus. Foi uma pantomima. A começar pelo uso de máscaras fora do que o protocolo do próprio Ministério da Saúde recomenda. Bolsonaro mentiu, ao dizer que não havia convocado seus apoiadores para uma manifestação a favor dele próprio, quando já está mais do que provado que não apenas convocou como, irresponsavelmente, participou. Mas Bolsonaro também foi debochado ao falar de “união dos poderes”, depois de ter incentivado, convocado e participado da manifestação contra o Congresso e o STF. E aproveitou para lembrar, em uma entrevista coletiva que deveria ser sobre coronavírus, que às 21 horas haveria um “panelaço” a favor dele mesmo. Claro que ele sabia do “panelaço” contra ele que estava marcado para as 20 horas e 30 minutos em todo Brasil.

Mas nossa leitura sobre essa entrevista vai além dos embustes, mentiras e oportunismos políticos de Bolsonaro. Claro que ele foi estratégico. Depois de desdenhar a pandemia, ao falar em “histeria”, agora que a realidade mostrou a rotunda besteira que falou, ele quis dar a entender que é responsável. E mais: ele já deu claros sinais de que o protagonismo do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o incomoda. Então, nada como levar outros ministros para pulverizar os holofotes, até então muito centrados no ministro da Saúde. Mas Bolsonaro queria também elogios e coube ao próprio ministro da Saúde chamá-lo de “Grande Timoneiro”. Será que o Bolsonaro sabe que o “Grande Timoneiro” foi Mao Tsé Tung? Certamente o grupo olavista-terraplanista não gostou do “título” dado ao Bozo pelo ministro da Saúde. E o ministro da Saúde será acusado de ter chamado o Bozo de “comunista”. Tudo leva crer que, depois do “elogio” feito a Bolsonaro, o ministro da Saúde terá que enfrentar, além da pandemia do coronavírus, a ira de olavistas e elementos congêneres.