
O que representa o Dia Internacional da Mulher em um país marcado pelo machismo, feminicídio e misoginia? O que representa o Dia Internacional da Mulher em um país presidido por alguém que já falou para uma mulher que “não a estupraria porque ela não merecia”, chamando-a de “vagabunda”? O que representa o dia Internacional da Mulher em um país presidido por alguém que já falou que “mulher tem que ganhar menos porque engravida”? O que representa o Dia Internacional da Mulher em um país que, passados quase dois anos do assassinato brutal da vereadora Marielle Franco, ainda não deu a resposta exigida pelo Brasil e o mundo sobre os mandantes do assassinato?
Na verdade, as mulheres não têm muito o que comemorar, especialmente porque o machismo e a misoginia estão no poder. E a chegada do machismo ao poder foi uma consequência direta do golpe de 2016, que foi um golpe parlamentar, empresarial e midiático. Mas foi um golpe, também, misógino, onde a primeira mulher eleita Presidente da República do Brasil foi deposta em grande parte também, por ser mulher. Por mais que os golpistas de diversas matizes neguem.
Dilma Rousseff é uma mulher que, antes mesmo da disputa eleitoral, já tinha uma história marcada pelas lutas contra a ditadura militar, da qual foi vítima e enfrentou até a tortura de um assassino exaltado por Bolsonaro no dia da votação do impeachment e que Bolsonaro, então deputado federal, fez questão de ressaltar que o assassino que homenageava em seu voto, era “o terror de Dilma Rousseff”.
Mas apesar do golpe misógino de 2016, as mulheres não esmoreceram. A luta das mulheres contra todo o mal que representava o golpe misógino de 2016 teve um momento histórico no dia 29 de setembro de 2018, quando as mulheres tomaram as ruas de todo país e mandaram para o mundo a mensagem “Ele não!” E, com certeza, a mensagem “Ele não!” deve hoje ser reforçada, como forma de repelir o machismo, a misoginia e o pior fruto do golpe misógino de 2016, que foi um câncer chamado Jair Bolsonaro. E, para homenagear todas as guerreiras, republicamos o “Poema às Guerreiras”, publicado originalmente no dia 29 de setembro de 2018, o dia em que elas foram às ruas para dizer “Ele Não!”
POEMA ÀS GUERREIRAS
Vem de tempos a luta das guerreiras
Vem de Berta, Celina e outras mais
Do motim potiguar, onde altaneiras
Disseram “não” à guerra pela paz!
Pelo voto, salário e igualdade
Tiveram que ser muito mais que mães
Caminhando sem medo e sem vaidade
Nas conquistas que nunca foram vãs.
E então, em vinte e nove de setembro
Lá vão elas de novo entrar na história:
Vão por ruas e praças que nem lembro:
Dizer “não” à ditadura e ao machismo,
Aos fraquejados toscos sem memória
Vão combater a sanha do fascismo!