ABIN PARALELA E O “BOZOGATE”

“Eu lembro o nome do delegado. Mas não vou revelar por uma questão institucional e pessoal.” (Gustavo Bebianno, em entrevista ao programa Roda Viva, sobre o delegado da Polícia Federal que participaria da montagem de uma ABIN paralela, por iniciativa de Carlos Bolsonaro, em 2 de março de 2020).

O ex-ministro Gustavo Bebianno, devidamente usado e defenestrado por Jair Bolsonaro, fez uma revelação bombástica e gravíssima em sua entrevista no programa Roda Viva, na última segunda-feira, dia 2 de março. Bebianno disse na entrevista que um delegado da Polícia Federal tentou montar uma espécie de “ABIN pararela” ou clandestina. E a sugestão dessa “ABIN paralela”teria sido de iniciativa do filho de Jair Bolsonaro, Carlos, vulgo “Carluxo”.

Dá para imaginar que essa ABIN, seguindo o “modus operandi” bolsonarista, funcionaria como uma “arapongagem miliciana” onde, evidentemente, desafetos e pessoas dos diversos poderes seriam grampeadas e monitoradas, mas não a serviço do Estado. Porém, usando toda a estrutura do Estado.

A tentativa de criar uma ABIN clandestina teria chegado ao conhecimento de Jair Bolsonaro, que foi desaconselhado pelo próprio Bebianno e pelo general Santos Cruz (outro ministro defenestrado pelo Bozo) a seguir adiante com a proposta de Carluxo, argumentando que tratava-se de um crime passível de impeachment.

Basicamente, o tal gabinete de inteligência paralelo à ABIN teria a função de perseguir e, talvez, até chantagear adversários, configurando, além de um crime contra o Estado, uma prática incontestavelmente nazi-fascista. Num governo em que Congresso e imprensa são tidos, sem eufemismos, como inimigos do governo, dá para imaginar como a tal “ABIN do Carluxo” iria funcionar, tendo como alvos preferenciais parlamentares, jornalistas e adversários políticos de um modo geral. A denúncia feita por Bebianno é gravíssima e exige uma investigação e apuração rigorosa e independente. Bebianno acrescentou que a ideia teria sido lançada por “Carluxo” ainda no início o governo. Coincidentemente, nessa mesma ocasião alguns parlamentares, dentre eles o Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse que não tinha dúvidas de que estava sendo grampeado. Será que já seriam os feitos do “Bozogate”?

Se a tal “ABIN do Carluxo” chegou a funcionar e depois parou ou se não chegou a funcionar, isso uma investigação independente deve mostrar. Até porque, para quem fala em volta do AI-5, fechamento do Congresso e do STF, querer montar uma ABIN clandestina não chega a ser surpreendente. Ficamos na expectativa das investigações, apuração e desdobramentos da denúncia do “Bozogate”.

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