ILHA: ORGULHO MAIOR QUE A TRISTEZA

Escrevo logo após o resultado oficial dos desfiles do grupo especial. É verdade! A União da Ilha está rebaixada. Buracos? Estouro do tempo? Claro que isso não fará tanta história. A Ilha, escola marcada historicamente pela irreverência e alegria, do grande Haroldo Melodia, dos “Confins de Vila Monte”, do “Domingo” e de outros incontáveis patrimônios pétreos do samba e da cultura nacionais, será muito mais lembrada por ter exaltado a educação em seu desfile.

Numa conjuntura em que a educação vem sendo sistematicamente agredida, exaltar professores, alunos, mostrar a realidade adversa da educação que tem como inimigo número 1 o próprio governo, já faz da União da Ilha uma grande vencedora. Levar para o mundo a mensagem de que a solução para o país é a educação é outra estupenda vitória. E justamente essas vitórias é que serão lembradas no futuro, quando os livros mostrarem aqueles que exaltavam a educação e os educadores, enquanto outros denegriam o Patrono da Educação Brasileira, o eterno mestre Paulo Freire.

Não existe escola pequena no grupo especial. Todas são imensas. Porém, duas seriam rebaixadas. E uma dessas foi a União da Ilha. Mas pela sua história, pelo seu legado para a cultura, por ter inscrito um lugar especial na história do carnaval carioca nos anos 1970, quando tornou-se a escola mais criativa, alegre, irreverente e de maior comunicação com o público, a Ilha, não sei se respondendo ao Noel Rosa, só queria mostrar que tinha samba e muitas outras coisas também.

E, ao evocar a educação, a União da Ilha acaba de prestar um grande serviço ao país, reforçando a resistência que é tão necessária nesse momento de nossa história.

A tristeza por um rebaixamento é natural, mas o orgulho não pode se deixar sucumbir por ela. Porque o orgulho é por tudo o que a Ilha representa em sua história e não por um momento acidental e passageiro. A Educação brasileira é grata à querida União da Ilha. Porque ela provou, em 2020, que é muito mais do que samba: ela é escola!