O governo Bolsonaro, a começar pelo próprio Presidente, não possui qualquer afeição à democracia. Tornou-se lugar-comum, tanto entre membros do primeiro escalão como apoiadores, as agressões ao regime democrático. Exemplos? Já pediram a volta do AI-5. Já defenderam o fechamento do STF, e para isso bastaria “um cabo e um soldado”. E com reforço até do “Posto Ipiranga”, que também chegou a insinuar a lei de exceção. E agora foi a vez do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, assacar contra o Congresso Nacional. Até aí, nenhuma novidade. Aliás, se dependesse deles, tanto o Congresso como o Supremo Tribunal Federal seriam fechados e a Constituição de 1988 cancelada. Lembram quando o outro general, o vice Mourão, falou de uma “Constituinte sem participação popular”? Mas esses caras esqueceram que o jogo tem regras.
Agora, depois da fala do general Augusto Heleno, que fez sérias acusações contra o Congresso, terminado com um sonoro “foda-se”, o Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, irá convocá-lo para que ele explique perante os parlamentares a sua fala. O requerimento de convocação foi apresentado pelo senador Rogério Carvalho, do PT, e o Presidente da Casa já afirmou que irá colocá-lo em pauta. Com a convocação, o general Heleno será obrigado a comparecer ao Senado para explicar a sua deprimente e lamentável fala.
O general, aliás, como já dissemos em outro artigo, é um saudosista dos tempos da “linha dura”, que foi derrotada até mesmo dentro do seio militar nos últimos anos da ditadura. E é necessário esclarecer de uma vez por todas a essa gente que esse tempo já passou. E que, sempre que houver qualquer insinuação de retorno aos tempos sombrios de nossa história, ela sempre será repelida pela sociedade e pelas instituições democráticas, como vêm sendo repelidas na resistência ao governo fascista.
Ao “foda-se” para o Congresso, a sociedade e as instituições democráticas já disseram um rotundo “não”. Agora, o general terá que dar explicações. Até porque, a tal “linha dura” já foi, há muito, para o arquivo morto e para o esgoto da história.