“Pode ter sido um disparo após a vítima ter caído no chão, porque a imagem me sugere ser de baixo para cima, da direita para a esquerda, em quase 45 graus. Esse disparo pode ser o que o povo chama de ‘confere’.” (Malthus Fonseca Galvão, médico legista, sobre um dos tiros que matou o miliciano Adriano da Nóbrega).
Aquilo que, inicialmente, foi rotulado como “teoria da conspiração” cada vez mais vai ganhando contornos precisos: tudo leva a crer, tanto evidências expressas como análises de peritos, que o miliciano íntimo da família Bolsonaro, Adriano da Nóbrega, foi mesmo executado como queima de arquivo.
Primeiro, a própria operação policial já deixa suspeita. Dela participaram 70 policiais do Bope da Bahia. Tratando-se de um bandido de altíssima periculosidade e com informações que poderiam comprometer muita gente, o miliciano deveria ter sido preso, jamais morto. É de se estranhar como que 70 policiais não conseguiram capturar um bandido que estava sozinho e que dias antes havia declarado que temia pela sua morte. Setenta não conseguirem pegar um cara vivo seria risível, se não fosse suspeito e lamentável.
Outro detalhe foi o desmanche da cena da ação policial. Por que a cena não foi preservada? Qual o interesse, e de quem, em destruir uma cena que deveria ser preservada para elucidar o que de fato aconteceu?
O médico legista Malthus Fonseca Galvão, da Universidade de Brasília, foi convidado pela revista Veja para emitir seu parecer sobre o cadáver do miliciano, sem ter conhecimento da identidade do morto. Todos os pareceres do médico legista indicam que Adriano da Nóbrega foi executado. Segundo o legista, as marcas deixadas no corpo sugerem que os tiros foram feitos a menos de 40 centímetros de distância, ou seja, à queima-roupa. Ele ainda afirma que os cortes na cabeça sugerem que o miliciano teria sido torturado com coronhadas. As afirmações são de um médico legista e não de um leigo. Coronhadas? Com que finalidade?
Todo cenário está mostrando que o miliciano ligado aos Bolsonaros foi mesmo executado como queima de arquivo. Resta saber como seguirão as investigações. A quem interessaria a morte do miliciano? Parece que quem sempre disse que “bandido bom é bandido morto” agora deve estar dizendo que “arquivo bom é arquivo morto.” Será que precisa desenhar?
sera?
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