ITAÚ E O PROCEDIMENTO DA VERGONHA

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“Meu dinheiro está preso e eu quase fui presa por nada. Não é porque eu sou preta e humilde que eu sou criminosa.” (Lorena Vieira, depois de ser vítima do “procedimento padrão” do banco Itaú, que parece só valer para alguns, via Twitter, em 31 de janeiro de 2020).

Será que o “procedimento padrão” do banco Itaú em uma agência da Penha é o mesmo “procedimento padrão” adotado em uma agência do banco Itaú localizada na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro? Será que o “procedimento padrão” do banco Itaú faz diferença quando se trata de clientes brancos e clientes negros? E se o cliente for uma pessoa pobre, como será o “procedimento padrão”? Seria o mesmo “procedimento padrão” aplicado ao Fabrício Queiroz, o “laranja” da família Bolsonaro?

Hoje aconteceu um fato em uma agência do banco Itaú da Penha que merece toda a nossa repulsa. A cliente Lorena Vieira (que é esposa do DJ Renan da Penha) foi até a agência para fazer uma operação simples: desbloquear um cartão e sacar a quantia de 1500 reais. Porém, a conduta da senhora Lorena Vieira foi considerada “suspeita” pelo banco, que aplicou o chamado “procedimento padrão” de segurança: uma funcionária do banco deixou a cliente tomando um “chá de cadeira”, causando uma grande demora em seu atendimento. Na verdade, o banco havia acionado a polícia, que adentrou na agência e interpelou a senhora Lorena, causando uma grande humilhação na cliente que, “coincidentemente”, é negra, é humilde e nada tem de rica. Porém, talvez pela cor, o banco entendeu, dentro do seu “procedimento padrão”, que 1500 reais seria uma “fortuna” para aquela pessoa. Logo, desconfiando de fraude, chamou a polícia. Que sentimento uma pessoa honesta pode ter diante de uma situação dessa? Vejam como a própria senhora Lorena Vieira expressou a sua indignação:

“Eu fiquei revoltada na hora. As pessoas devem ter achado que eu fui presa. É uma vergonha, ridículo. Eu me senti ofendida. Segundo eles eu sou fraude, laranja. Segundo eles, aquele dinheiro não era meu.”

Então, acharam que a dona Lorena era “laranja” e “fraudadora”. E como será que o tal “procedimento padrão” do banco Itaú foi aplicado há algum tempo em sua agência que funciona na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, a ALERJ? Sim, porque foi nessa agência que um verdadeiro “laranja”, chamado Fabrício Queiroz, a serviço de Flávio Bolsonaro, movimentou quantias nababescas, fraudadas, que não eram suas e que assim ele operava as “rachadinhas” do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. Ele chegou a fazer, em um curto período, mais de 30 saques, movimentando 160 mil reais. Para alguém que se apresentava como “motorista” e “segurança”, parece que as quantias movimentadas eram sim muito suspeitas. E nem é preciso entender de segurança bancária para saber disso. Mas, nesse caso, o “procedimento padrão” da “segurança” do banco Itaú não funcionou. Queiroz, o verdadeiro “laranja”, fez a farra no Itaú da ALERJ. Talvez, por ele ser “segurança”, estava isento de submeter-se ao “procedimento”. Ou quem sabe por ser branco? Ou ainda, por estar a serviço dos Bolsonaros?

Que protocolo é esse que vê “laranja” onde não há e não vê “laranja” onde há? É o protocolo da vergonha e da discriminação. Aliás, e infelizmente, é o mesmo “procedimento” usado em outras situações. Lembro-me que quando fizeram uma busca e apreensão no apartamento do Aécio, localizado na avenida Atlântica, a polícia chamou um chaveiro para abrir a porta. Procedimento, aliás, correto. E se fosse uma casa na favela, qual seria o “procedimento”?

Do mesmo modo, perguntamos: e se o Queiroz aparecer e for até uma agência do banco Itáu sacar 1500 reais?  Pago um suco de laranja para quem acertar!

 

 

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