RASGANDO O GLOBO, MERVAL E SARDENBERG

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Ontem falávamos sobre o silêncio de alguns jornalistas, como Merval Pereira e Carlos Alberto Sardenberg, em relação à absurda denúncia da PGR contra o jornalista Glenn Greenwald. Hoje, porém, tanto o jornal O Globo, do qual Merval e Sardenberg são funcionários, como os próprios jornalistas globais, manifestaram-se a respeito da perseguição ao jornalista do The Intercept. Em Editorial, O Globo manifestou-se na edição de hoje. Com o título “Indiciamento de jornalista é afronta”, o Editorial do jornal da família Marinho não pôde deixar de expressar sua postura contrária à denúncia contra Glenn. Porém o jornal, não deixando de seguir sua linha lavajatista-morista, ao referir-se ao material divulgado por Glenn, não perdeu a oportunidade de blindar, de algum modo, Sérgio Moro. Diz O Globo em seu Editorial:

“Há um debate e enorme divergência em torno da importância jurídica do material, sem dúvida usado por interessados em degradar a imagem de Moro e ajudar investigados…”  (O destaque é nosso).

Vejam que o jornal O Globo não perde a oportunidade de vitimizar Sérgio Moro. Se Sérgio Moro cometeu ilegalidades, fraudes processuais, conluio com procuradores, foi parcial e político em seus julgamentos, tudo provado pelas mensagens vazadas, então nem é necessário degradar a imagem de Moro. Ela auto-degradou-se. Nunca esquecendo-se do que disse o próprio Moro em 2016: “o que importa é conteúdo vazado, e não a forma como ele foi obtido.” Em segundo lugar, deve-se dizer que ninguém que condenou Moro pelo conteúdo vazado, inclusive juristas, constitucionalistas e membros do Judiciário, está querendo “ajudar investigados”, como disse O Globo em seu Editorial, e sim garantir o devido processo legal, a isenção e imparcialidade no julgamento o que, claramente, não foi observado em vários momentos da Lava Jato. De modo que O Globo está, ao mesmo tempo, “mordendo e assoprando” e desfocando o real assunto, que é a intimidação ao jornalismo e aos jornalistas.

Além do Editorial, o jornalista tucano-lavajatista Merval Pereira também se pronunciou. Sob o título “Denúncia Temerária”, Merval destaca em seu artigo que o Ministério Público é independente. Isso nós já sabemos. Porém, também em defesa de seu ídolo Sérgio Moro, Merval Pereira cita como exemplo o caso de Flávio Bolsonaro. Diz Merval Pereira que não houve atuação do governo ou vingança governamental, “já que o Ministério Público também é tão autônomo que está investigando o senador Flávio Bolsonaro, filho do Presidente.” Ora, senhor Merval Pereira, querer comparar o caso de Flávio Bolsonaro com o de Glenn Greenwald chega a ser risível. No caso de Flávio Bolsonaro há farta documentação, como extratos bancários que mostram a “rachadinha”, funcionários fantasmas, transações imobiliárias nababescas e desproporcionais, compra de chocolates por uma só pessoa no valor de quase 30 mil reais e até evidentes ligações com as milícias. E Flávio nem denunciado foi. Já o Glenn, sem investigação ou indiciamento, foi direta e absurdamente denunciado. Certamente a “solidariedade” expressa em seu artigo é meramente aparente e temerária mesmo são as suas lágrimas de crocodilo.

Finalmente, o sempre rancoroso Carlos Alberto Sardenberg. Esse claramente tergiversou. Em seu artigo intitulado “Ninguém foi censurado”, ele mostra que não está nem aí para o grave atentado ao Estado de direito cometido pelo procurador Wellington Divino. Usando o ardil de desfocar o assunto central, Sardenberg diz que não houve censura. Mas não se trata de censura e sim de intimidação. A intimidação é um modo de inibir o livre jornalismo e a liberdade de expressão. A censura, se necessária, vem depois. Só que o Glenn jamais se deixou intimidar e justamente por isso não sabemos o que poderia vir por aí. Com seu ódio e rancor que lhes são característicos, Sardenberg insiste na tese de que “ninguém foi censurado.” E mais: que “o Ministério Público não tem a obrigação de seguir exatamente o caminho da Polícia Federal.” Enfim, destilando seu ódio de sempre, praticamente afirma que tudo o que aconteceu é normal e termina com a frase: “A ver o que dizem os tribunais.” O ódio de Sardenberg é tamanho que ele nem foi capaz de se posicionar contra uma ameaça que pode até atingi-lo como jornalista. Tudo porque o Glenn fez o seu ídolo moralizador virar pó de titica. Patético!

Enfim, O Globo foi meramente protocolar em seu Editorial e aproveitou para fazer campanha pelo lavjatismo de Moro, o mesmo acontecendo com Merval e suas comparações tão absurdas como a denúncia contra Glenn. Já Sardenberg, o eterno odioso, não expressou nenhuma repulsa ao ato discricionário e fascista do procurador-denunciante. Seu ódio jamais irá permitir isso. Portanto, hoje é dia de rasgar os três!

 

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