“Todas as crianças deveriam ter direito à escola, mas para aprender devem estar bem nutridas. Sem a preparação do ser humano, não há desenvolvimento. A violência é fruto da falta de educação.” (Leonel Brizola).
Em 22 de janeiro de 1922 nascia em Carazinho, no Rio Grande do Sul, um dos maiores líderes políticos do Brasil, Leonel Brizola. Gostem ou não do Brizola, negar a importância dele na história política brasileira é negar a própria história do Brasil. E, nesse 22 de janeiro, queremos lembrar alguns momentos da trajetória política de Brizola, que enfrentou desde o “Império de Roberto Marinho”, até o exílio e a tentativa de fraude para impedir sua eleição ao governo do Estado do Rio de Janeiro em 1982.
Brizola marcou a vida política brasileira como o primeiro governante a fazer uma reforma agrária no Brasil, quando governador do Rio Grande do Sul. Nacionalista, denunciava o modelo colonial da economia brasileira e defendia uma economia voltada para os interesses do povo e livre das garras do imperialismo. Em 1961 comandou a vitoriosa Campanha da Legalidade, que visava garantir a posse do Presidente João Goulart, após a renúncia de Jânio Quadros, visto que os militares e grupos conservadores pretendiam rasgar a Constituição e impedir a legítima e legal posse de João Goulart.
Foto acima: Brizola lidera a Campanha da Legalidade, em 1961.
Em 1964, quando era deputado federal, foi cassado pelo golpe militar que implantou a ditadura no país e vai para um exílio de 15 anos. Ao retornar do exílio, em 1979, tenta refundar o PTB, partido que havia sido extinto com o golpe militar pelo Ato Institucional número 2. Porém, um conluio entre a Justiça Eleitoral e o governo militar acaba dando a sigla a Ivete Vargas, fazendo o PTB tornar-se uma “filial” do PDS, então partido do governo militar. Com esse golpe, Brizola, o legítimo representante do trabalhismo histórico, lidera a fundação do PDT (Partido Democrático Trabalhista), que para sempre ele iria liderar.
Foto acima: Brizola retorna do exílio, em 1979.
Em 1982 Brizola é eleito governador do Rio de Janeiro, depois de derrotar seus adversários nas urnas e a tentativa de fraude, no famigerado “Escândalo da Proconsult”, um escândalo que teve a participação das Organizações Globo e que Brizola denunciou à imprensa internacional. Como governador do Rio de Janeiro, implantou uma concepção pedagógica materializada nos CIEPs, as escolas de turno integral, concretizando as ideias revolucionárias do grande educador Anísio Teixeira. Os CIEPs, lamentavelvente, seriam destruídos pelo seu sucessor, Moreira Franco. Brizola voltaria a eleger-se governador do Rio de Janeiro em 1990.
Foto acima: contrariando “O Globo” e o esquema fraudulento da Proconsult, o “Jornal do Brasil” noticiava o real resultado da eleição para governador do Rio de Janeiro em 1982.
Foto acima: Brizola toma posse como governador do Rio de Janeiro, 1982.
Disputando a eleição presidencial de 1989, chegou em terceiro lugar e, na de 1994, em quinto lugar. O respeito por Leonel Brizola podia ser visto até entre seus maiores adversários. Brizola sempre denunciou o monopólio midiático das Organizações Globo do senhor Roberto Marinho. Em artigos que publicava, sempre criticava esse monopólio e os privilégios da família Marinho. Sabendo separar o político do pessoal Brizola, no entanto, compareceu ao velório de Roberto Marinho, que faleceu em 2003 e foi bem recebido por sua família.
Foto acima: CIEP, o grande legado educacional de Brizola.
Leonel Brizola faleceu em 21 de junho de 2004. Uma liderança como Brizola faz muita falta no atual momento político brasileiro. Porém, seu legado e importância histórica jamais sucumbirão.