“Se eu tivesse a possibilidade de trancar, teria anulado, cancelado. Essa é uma armação que vem lá do governo do Rio de Janeiro, é basicamente isso.” (Jair Bolsonaro, em 4 de janeiro de 2020, via Facebook, afirmando que, se pudesse, trancaria as investigações contra o seu filho Flávio).
O que dizer de alguém que ludibriou seu eleitorado ensandecido ao afirmar que, se eleito, iria “combater a corrupção” mas que, se pudesse, teria “trancado, anulado, cancelado” as investigações contra seu próprio filho? Para Bolsonaro, todas as investigações contra seu filho Flávio, não passam de “uma armação que vem lá do governo do Rio de Janeiro”. Tudo porque “o Witzel quer ser Presidente da República”. Foi o que disse, em uma live pelo Facebook, Jair Bolsonaro no dia de ontem.
Bolsonaro e seus seguidores sabem que os elementos mostrados são bastante robustos para incriminar não apenas Flávio, mas também a terceira esposa do Presidente, Michelle Bolsonaro. A prática da “rachadinha”, além de ser uma extorsão, também é um crime de apropriação de dinheiro público e todos os elementos, até o momento, evidenciam essa prática criminosa de Flávio Bolsonaro. O operador-laranja-miliciano Fabrício Queiroz sempre teve total ligação com a família Bolsonaro e emitiu até cheques para a dona Michelle. Os indícios de lavagem de dinheiro, cujas investigações também sugerem o crime, mostram transações imobiliárias dantescas e uma loja de chocolates em que alguém faz uma compra de 23 mil reais. Seria Flávio o “fornecedor do Coelhinho da Páscoa”? E essas investigações, que só não estão mais adiantadas graças ao Dias Toffoli, certamente mostrarão ramificações com as milícias, a quem a família também sempre esteve ligada. Onde está a “armação”? Para Bolsonaro, no “Rio de Janeiro”…
Mas o outro filhinho do papai, Eduardo Boslonaro, mora em São Paulo e por aquele estado é deputado federal. Então, seguindo o raciocínio bolsonarista, se a Polícia e o Ministério Público de São Paulo, por exemplo, fizerem alguma investigação sobre Dudu Bolsonaro, também vai ser tudo uma “armação”, porque o governador de São Paulo, João Dória, também quer ser Presidente da República. Essa é a lógica e a retórica bolsonarista.
Flávio era deputado estadual pelo Rio de Janeiro e, portanto, é a Polícia e o Ministério Público do Rio de Janeiro que terão que investigar. Bolsonaro queria o quê? Que Flávio Bolsonaro fosse investigado pelo Dallagnol e julgado pelo Moro? Claro que quase tudo tem que ser no Rio de Janeiro. E agora, Bolsonaro encontrou um álibi: tudo o que estiver sendo investigado sobre sua família será “armação” vinda do Rio de Janeiro. Então, a “rachadinha”, o Queiroz, as transações imobiliárias nababescas de Flávio, a loja de chocolates e a despesa de 23 mil reais em bombons é tudo “armação do Witzel”… Só porque “o Witzel quer ser Presidente”…
Então, se ele pudesse, teria trancado, anulado, cancelado as investigações contra o seu filho Flávio. Porque o seu compromisso é “combater a a corrupção”…