Foto acima: Torcedora do Botafogo foi obrigada por policiais a retirar a faixa “Botafogo Antifascista”, que exibia durante o jogo contra o Ceará no Estádio Nilton Santos, o Engenhão. A faixa foi apreendia.
Há algum tempo, diante da ascensão da extrema-direita ao poder, que o Brasil vive um período obscurantista. A perseguição às artes, à educação, à imprensa, ao meio ambiente, aos negros, índios, mulheres e o uso da violência como forma intimidatória, como ocorreu no atentado terrorista-fascista contra o grupo “Porta dos Fundos”, vem fazendo com que o grito antifascista ecloda em vários pontos do país, numa reação natural contra a extrema-direita. E esse grito pelo antifascismo chegou aos estádios de futebol de todo país em 2019. Diversas torcidas, de vários clubes, criaram mensagens em que a bandeira antifascista tem sido literalmente estendida nas arquibancadas.
No entanto, em um ato autoritário e, ironicamente, fascista, a Polícia do Rio de Janeiro proibiu que faixas antifascistas fossem exibidas pelos torcedores nos estádios. Sem ofender nenhuma autoridade pública, sem qualquer conteúdo chulo e sem nenhuma alusão a partido político, a mensagem antifascista, de forma pacífica, era exposta nas arquibancadas pelos torcedores durante os jogos. Porém, reprimida pela polícia. O caso mais notório foi o de uma torcedora do Botafogo, que foi obrigada pelos policiais a retirar uma faixa com os dizeres “Botafogo Antifascista”, no jogo contra o Ceará, pela última rodada do Campeonato Brasileiro, realizado no Estádio Nilton Santos, o Engenhão. A ação da polícia foi flagrantemente autoritária e inconstitucional, pois agrediu a liberdade de manifestação e expressão quando não havia nenhum tipo de ofensa ou conclamação à violência na mensagem exibida. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro interpelou a PM, que acabou dando nova orientação ao GEPE (Grupamento Especial de Policiamento nos Estádios).
Agora, chega a notícia de que a Polícia do Rio de Janeiro passará a permitir a exibição de faixas antifascistas nos estádios, desde que as mensagens sejam pacíficas e não discriminatórias o que, aliás, já vinha acontecendo. O Campeonato Estadual do Rio de Janeiro terá início no dia 18 de janeiro e, a partir daí, as faixas antifascistas, ao que parece, não serão mais reprimidas pelos policiais nos estádios. A bandeira antifascista, aliás, vem unindo diversas torcidas rivais nos estados e pelo país afora. A preocupação dos torcedores em exibir pelo país a mensagem antifascista mostra também que essa história de que torcedor de futebol é “alienado” não se justifica. Ao contrário, temos visto em diversas manifestações engajamento político, incluindo casos de torcedores que posicionam-se contra patrocínios, a seus clubes, de empresas apoiadoras do governo fascista. E, ao que tudo indica, especialmente em um ano eleitoral como 2020, essa bandeira será muito importante para os destinos de nosso país, especialmente na defesa da democracia.