Fonte: Datafolha.
Antes fosse uma simples paródia da famosa comédia “Todo mundo odeia o Chris”. Mas a realidade é outra: trata-se do desastre insofismável em que se transformou a gestão do bispo da Universal, Marcelo Crivella, na Prefeitura do Rio de Janeiro. A pesquisa Datafolha, divulgada ontem, mostra que agora já podemos afirmar que Marcelo Crivella já o prefeito mais impopular de toda a história carioca. Segundo a pesquisa, um percentual assombroso de 72% do eleitorado da cidade do Rio de Janeiro reprovam a gestão do bispo-prefeito. A pesquisa anterior, realizada no mês de março de 2018, já apontava a rejeição astronômica de 61% a Crivella e agora essa rejeição aumentou 11 pontos.
A pesquisa aponta ainda que o caos na saúde do Rio de Janeiro é o fator que mais contribui para a rejeição do bispo travestido de prefeito. Os hospitais municipais viraram verdadeiras casas de terror, onde pacientes são mortos pela incompetência e descaso das autoridades. Atrasos nos salários e total falta de manutenção na rede hospitalar da Prefeitura, além de falta de equipamentos, levaram a saúde dos cariocas ao abandono, capitaneado por alguém que, em sua campanha, dizia que iria “cuidar das pessoas.”
Os escândalos da gestão Crivella são incontáveis: vão desde a “dona Márcia”, aquela que Crivella afirmou que os interessados de sua Igreja deveria procurar em caso de cirurgia de catarata, em detrimento do restante da população, passando pelo descarado nepotismo de querer emplacar seu próprio filho como secretário. Crivella também brigou com os sambistas. Ele censurou a Bienal do Livro. Ele nomeou pastores de sua Igreja, sem qualquer preparo, para exercerem comandos em cargos técnicos. Isso sem falarmos das obras sem licitação e da perseguição a veículos de imprensa que criticam sua desastrosa gestão.
Só para termos uma ideia, a Agência Lupa, que checa notícias e afirmações de autoridades, constatou que, em seu programa de governo, de nove promessas que ele havia feito para as áreas de saúde, segurança e transporte até o final de 2018, nenhuma delas foi cumprida.
Há um detalhe da pesquisa que é alentador e nos dá a esperança, ao menos por enquanto, de que o eleitor não misture as sintonias de religião com política. Segundo o levantamento do Datafolha, entre os evangélicos, o seu grande “curral eleitoral”, a reprovação a seu governo é de 56%. Em suma, em nenhuma estratificação da pesquisa, seja por faixa etária, classe social, escolaridade e também religiosidade, Crivella tem apoio suficiente para se reeleger.
Na mesma pesquisa, Eduardo Paes e Marcelo Freixo aparecem na liderança da sucessão do bispo-prefeito. Resta saber se o carioca, outrora vanguarda política do Brasil, desde os tempos da antiga Guanabara, vai aprender a lição e, consequentemente, aprender a votar. Ou se voltará a fazer de seu voto um instrumento de pirraça e de expressão de fobias ou medos “à la Regina Duarte”…