Não adiantou nem mesmo o fortíssimo lobby de seu protótipo de calças, mas bem que Sérgio Moro tentou livrar a sua “versão genérica de saias” perante o Tribunal Superior Eleitoral. Selma Arruda, a juíza que notabilizou-se por ser “durona”, por “combater implacavelmente a corrupção” e de carregar a redoma moralista de combate ao crime, surfou na onda fascista-bolsonarista que devastou o Brasil no ano passado. Sua intransigente atuação contra a “corrupção” valeu-lhe a alcunha de “Moro de saias”, o que muito a orgulhava. Então, seguindo o exemplo de seu protótipo, abandonou a toga e foi para a política, filiando-se ao então PSL de Bolsonaro, o que culminou em sua eleição para senadora pelo Estado do Mato Grosso.
Porém, o “moralismo” de Selma Arruda já é bem conhecido. É aquele moralismo que, por trás, esconde a defesa de milícias, de laranjas, de “caixa 2”. A senadora conhecida como “Moro de saias” já vinha sendo investigada e, a exemplo de seu protótipo de Curitiba, acaba de ser desmascarada. Por 6 votos contra 1 o Tribunal Superior Eleitoral acaba de cassar o seu mandato, fraudulentamente obtido. Seus crimes: abuso de poder econômico e “caixa 2”. Ironicamente, o crime de “caixa 2”, que é considerado pelo próprio Sérgio Moro como mais grave do que a corrupção, foi um dos ilícitos praticados pela ex-juíza bolsonarista, o que mostra que o moralismo dessa gente é mesmo da boca para fora.
Bem que Sérgio Moro, na maior “cara de pau”, ainda tentou forçar a barra para que sua “versão de saias” fosse absolvida e, em uma tentativa direta de interferência no Judiciário (do qual ele não mais faz parte), chegou até a conversar com membros da Corte para convencê-los de que a senhora Selma Arruda era “séria e honesta”. Já sabemos qual é a seriedade, isenção e honestidade dessa gente. A Vaza Jato que a diga. É necessário lembrar que haverá uma nova eleição para preencher a vaga deixada pela senhora “Moro de saias” e que seria de bom alvitre que os eleitores de Mato Grosso ficassem atentos a certos discursos de moralismo barato, mesclado com apelos religiosos, fuzis e milícias, que certamente reaparecerão na disputa pela vaga da “moralista” cassada.
O fenômeno moralista-eleitoral da doutora Selma Arruda chegou ao ocaso de maneira precoce. Menos mal para ela que, como magistrada aposentada desde o ano passado, terá uma lauta aposentadoria. Claro que ela, embora tenha votado pela reforma da previdência, sabe que não será atingida pela mesma e que seus ganhos serão intocáveis pela reforma que ela e seus comparsas ajudaram a aprovar, ao contrário da maioria dos aposentados do Brasil. Pelo menos ela garantiu o dela, às custas dos incautos e hidrófobos que, enebriados, a sufragaram nas urnas. Vai ser interessante, a partir de agora, ver a dona Selma Arruda defender o combate ao crime e à corrupção. Será que vão pedir o fechamento do Tribunal Superior Eleitoral?