SUMIÇO DO TELEFONE E A “PRÉ-PERÍCIA”

perícia 2

Jair Bolsonaro mandou Fabrício Queiroz, o “laranja” da família, jogar o aparelho de celular fora e comprar uma nova linha. Bolsonaro foi imediatamente atendido em sua ordem e o “arquivo” de provas que estaria no telefone do “laranja” foi para o beleléu. A ordem foi dada ao Queiroz exatamente quando veio à tona o escândalo das relações promíscuas entre Flávio Bolsonaro e Queiroz. A informação foi dada pelo jornalista Lauro Jardim que, naturalmente, tem as suas fontes. Seria bom que Bolsonaro desse um novo “piti”, com direito a palavrões e xingamentos, para que tudo fosse esclarecido, porque agora, mais uma pergunta será acrescida às dúvidas que permeiam as relações subterrâneas do clã presidencial: agora, além de perguntarmos “Onde está o Queiroz?”, também surge a pergunta: “Onde está o telefone do Queiroz?” 

Evidentemente o ato configura uma clara destruição de provas. Zaps e áudios comprometedores certamente estariam arquivados no aparelho que Bolsonaro mandou que Queiroz desse sumiço. Ou não. Assim, esperamos pelo novo “piti” de Bolsonaro e que tudo seja esclarecido. Porém, tudo leva a concluirmos que destruir provas vem sendo algo não raro por parte de Bolsonaro. Isso porque, um outro Queiroz, não o “laranja” dos Bolsonaros, mas o assassino de Marielle, também cruzou a vida de Bolsonaro. No dia de ontem, Bolsonaro afirmou ter pego, antes mesmo da perícia, todos os áudios registrados na portaria de seu condomínio, para que os mesmos “não fossem adulterados.” Então, vamos ver se entendemos:

Bolsonaro é parte diretamente interessada em uma perícia que vai ser realizada, na qual ele espera que o resultado da perícia comprove que o porteiro do condomínio mentiu;

 Bolsonaro surrupia todo o material que será periciado, portanto, tendo acesso ao material antes mesmo da perícia;

O material, finalmente, é encaminhado para análise pericial, depois de já ter passado pelas mãos de um dos interessados no resultado da perícia.

Finalmente, depois de uma perícia realizada em tempo recorde, em apenas duas horas e meia, a “promotora com partido” e bolsonarista declarada, Carmen Eliza Bastos de Carvalho, anuncia que a voz que aparece na gravação não é a de Bolsonaro e sim do assassino Ronnie Lessa. A perícia, feita depois de o material passar por um dos interessados e com rara celeridade, levantou restrições por parte de especialistas. Ninguém menos do que o presidente da Associação Brasileira de Criminalística, Leandro Cerqueira, afirmou: “Não é possível identificar se um arquivo foi apagado ou renomeado, sem acesso à máquina em que as gravações foram geradas.” 

Está certo que a voz que aparece no áudio não é do “seu Jair”. Porém, agora fica a dúvida de se  o material foi ou não adulterado antes de ser analisado pelos peritos. Ou então, abriremos uma excepcionalíssima exceção, na qual alguém interessado em uma perícia tem acesso ao material a ser periciado antes mesmo da perícia. Ou então, depois da “jurisprudência da desculpa”, criada por Sérgio Moro para proteger seus pares, teríamos agora a “pré-perícia feita pelo interessado na perícia”. Incrível!

Primeiro, o sumiço do telefone do Queiroz. Agora, o acesso às gravações da portaria do condomínio antes mesmo da perícia. Essas atitudes podem sim configurar uma destruição de provas. Uma nova perícia poderia revelar se houve ou não adulteração no material encaminhado para análise. E bem que se poderia investigar a informação trazida hoje pelo Lauro Jardim. Afinal de contas, quem não deve não teme. E aí Bolsonaro? Vai encarar?

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