“PMs invadiram hospital e tentaram pegar a bala que matou Ágatha.” (Manchete de matéria publicada na revista Veja on line, de autoria de Fernando Molica, em 3 de outubro de 2019).
Uma matéria assinada pelo jornalista Fernando Molica, da revista Veja, e publicada no dia de hoje, relata um fato gravíssimo, que teria ocorrido na madrugada de sábado, 21 de setembro, no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, onde a menina Ágatha Vitória Félix, alvejada por um tiro no Complexo do Alemão, provavelmente de fuzil, estava internada e viria a falecer.
Segundo a matéria, cerca de dez a vinte policiais militares teriam invadido o hospital, na tentativa de levarem a bala que vitimou fatalmente a menina. A equipe médica do hospital, mesmo pressionada pelos PMs, não entregou a bala que havia sido extraída e a mesma seria, posteriormente, encaminhada à Polícia Civil para a perícia. A perícia constataria não ser possível afirmar se o fragmento encontrado no corpo de Ágatha seria compatível com armas usadas pelos policiais e nem de onde o tiro partiu. Portanto, não sejamos levianos e que fique claro: a perícia não incriminou os policiais. No entanto, em sendo verdadeira a notícia da invasão ao hospital, então isso seria um sinal de que os policiais é que estariam se auto-incriminando e teriam tentado a destruição de prova. Senão, por que eles iriam querer pegar a bala que matou a menina?
A suposta invasão ao hospital causa estranheza e se considerarmos o fato de que as testemunhas foram unânimes em afirmar que o tiro partiu da Polícia, que tentava acertar um motociclista que estaria sendo perseguido, então a intenção poderia mesmo ser a destruição de prova. Porém, deve-se aguardar a apuração que o fato, aliás gravíssimo, exige. Claro que os depoimentos de médicos, enfermeiros e, eventualmente, outros funcionários do hospital, seriam fundamentais para elucidar a tal invasão. Mas também é evidente que os profissionais temem represálias. Este episódio, uma vez apurado e passado a limpo, poderá elucidar o que a perícia não revelou. Perícia, aliás, que os supostos invasores do hospital nem souberam esperar o resultado. Aguardemos os próximos capítulos de mais esta história que entristece e envergonha o Rio de Janeiro.